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Reformados, sempre reformando – Outubro/2006

Os cristãos reformados têm um grande desafio
para nossos dias: manter sempre,
diante do coração e da mente, os motivos
propulsores da Reforma Protestante do século XVI,
como a questão das indulgências
(compra de perdão dos pecados),
a idolatria, as relíquias, a infalibilidade papal,
entre tantos outros dogmas e princípios.

Podemos lembrar que, ao inspirar os reformadores a darem início ao movimento, o Espírito Santo tinha como objetivo principal a saúde espiritual do corpo de Cristo (a Igreja), que havia se desviado completamente do seu chamado original, Mateus 28: 19-20, e estava trilhando caminhos opostos ao “Ide” de Jesus.

A necessidade de estudar os princípios da reforma

O mundo latino conheceu as expressões doutrinárias: Sola Scriptura (Somente a Escritura), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé) e Soli Deo Gloria (A Deus somente a glória). Mas muitos podem perguntar se há relevância em estudar essas questões nos dias atuais. A resposta está no fato de que muitos dos problemas daquela época estão bem presentes em nossos dias, e no meio evangélico.

Vejamos, por exemplo, o evangelho pregado por algumas denominações neopentecostais. A ênfase está no “eu”, no “ego” de quem está ouvindo a mensagem, e não em Cristo ou em Sua Palavra. Isso contraria dois princípios da reforma: somente a Escritura e somente Cristo. A falta de conhecimento das doutrinas ensinadas pelos reformadores faz muitos líderes, pregadores e evangelistas cometerem erros desastrosos para o Cristianismo.

Um deles é o culto que deveria ser teocêntrico (Deus como centro), e se torna antropocêntrico (o centro é o homem, o ser humano), contrariando um ponto fundamental da reforma: a Deus somente a glória. Essa contrariedade se torna visível por causa da ênfase exagerada dada à prosperidade financeira ou à questão da cura divina como sendo primordiais para a manifestação de Deus.

Os cristãos reformados e renovados têm o dever de cultivar uma vida espiritual sadia e equilibrada, tendo como base a soberania de Deus. O Senhor sabe muito bem quais são as necessidades e dificuldades de seus filhos, antes de serem proferidas por nossos lábios em oração. Então, devemos orar apresentando nossas petições? Certamente que sim! Devemos crer que “tudo o que pedimos em nome de Cristo” Ele nos concederá? É claro que sim!

Contudo, nossa posição é de servos, não de senhor. Não estamos em condições de exigir nada. Qual o melhor caminho a seguir? Estudarmos a Reforma e voltarmos aos seus princípios: somente a Bíblia, somente Cristo, somente a Graça, somente a Fé e, a Deus, somente a glória. Vejamos dois deles.

Sola Scriptura: “Somente a Escritura”

Timothy George afirma: “Todos os reformadores estavam convencidos daquilo que Zuinglio chamou de ‘a clareza e certeza da palavra de Deus’ …Eles eram irrestritos em sua aceitação da Bíblia como a única e divinamente inspirada Palavra do Senhor”. A Escritura Sagrada é autoridade única e também suficiente para nortear a Igreja de Cristo. Ela é a verdadeira base para se evitar os erros doutrinários da atualidade.

As experiências humanas jamais devem ser colocadas no mesmo nível de autoridade que as Escrituras, pois a Escritura Sagrada é a fonte de todo posicionamento cristão. Ela é a verdadeira base para alicerçar a fé de todo crente em Jesus Cristo: “De sorte que a fé é pelo o ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”, Rm 10: 17. A leitura da Bíblia produz conhecimento, bem-estar espiritual e um viver cristão saudável. Ela é a espada do Espírito Santo, que convence cada um do “pecado da justiça e do juízo”. As experiências espirituais servem como testemunho da ação de Deus.

As profecias, visões, revelações escritas em outros livros jamais devem assumir o lugar da Palavra de Deus e nem direcionar o caminho daqueles que seguem a Jesus. Tudo que for contrário à Palavra deve ser rejeitado: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema”, Gl 1: 8.

Solus Christus: “Somente Cristo”

Cada pessoa tem o seu jeito de ser, sua personalidade, seu estilo, e cada reformador tinha seu próprio modo de transmitir as verdades sobre a centralidade de Cristo. Mas eles não abriam mão da verdade de que existe “um só mediador entre Deus e o homem, Cristo Jesus, homem”, 1Tm 2:5. Por exemplo, Zuinglio insistiu que: “Cristo é o único caminho que leva à salvação para todos os que existiram, existem e existirão” – (Timothy George. Teologia dos Reformadores. p. 310).

No decorrer da história sempre houve pessoas tentando substituir a pessoa de Jesus. Por exemplo, o Catolicismo Romano passou a prestar culto a Maria já no século V d.C., o culto às imagens, no século VIII d.C., e a canonização dos santos, no século X d.C. Instituiu também o sacerdotalismo, que colocava a salvação e a comunhão com Deus nas mãos dos sacerdotes. O pecador não mais era responsável perante Deus e sim perante o sacerdote. A Reforma faz com que Cristo ocupe o seu lugar na igreja e na vida das pessoas.

João Alves dos Santos, em As Doutrinas da Reforma, afirmou: “O que o catolicismo ensina a respeito de Cristo não é diferente daquilo que professamos em nossos credos. A encarnação, nascimento virginal, divindade, morte vicária e ressurreição são cridas e ensinadas. O problema é que a Igreja Romana não crê na suficiência e exclusividade da obra de Cristo para a salvação. Maria é erigida à posição de intercessora e até co-redentora (não oficialmente, ainda) e os santos entram também com os méritos de sua intercessão para a obra salvífica” – (www.monergismo.com).

A Bíblia é categórica em reformar a mente de seu leitor quando afirma: “E em nenhum outro há salvação; porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”, At 4: 12. As idéias, as formas de pensar e os conceitos de qualquer ser humano são mudados, reformados, quando essa pessoa passa a ler a Palavra de Deus. Ali ele entende quem merece o centro de nossa vida. Antes de ser assunto ao céu, Jesus afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra”, Mt 28: 18. É imperativo conhecermos os pensamentos dos reformadores.

Conclusão

Os dias atuais desafiam a que voltemos aos ideais dos reformadores, porque eles nada mais fizeram do que se voltarem aos ideais apostólicos: “nós perseveraremos na oração e no ministério da Palavra”, At 6: 4. Para aqueles que estão com dificuldades de aceitar uma reforma pessoal, Paulo afirma que “toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir com justiça”, 2Tm 3: 16. Os reformados precisam sempre estar se reformando a partir das Escrituras Sagradas. É tempo de praticar os ideais da Reforma.

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Fonte: Jornal Aleluia de outubro de 2006

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