O pregador vivendo o avivamento – Dezembro/2006

Uma análise contextualizada
do ministério de João Batista

Entre Malaquias, a última voz do Antigo Testamento, e a manifestação de João Batista, Mateus 3: 1-11, decorreram mais de 400 anos. No Novo Testamento, vamos nos deparar com João pregando ardentes mensagens sobre arrependimento. As pessoas entendiam que estavam erradas, confessavam sua fé no Messias e eram batizadas. Ele trouxe um vigoroso avivamento espiritual. Sua vida e ministério muito têm a nos ensinar.
O ministério do pregador avivado

  1. a) Brevidade, 1. João exerceu um ministério de pouca duração, mas seus resultados e frutos foram poderosos, profundos e abundantes. O ministério do homem de Deus não depende de tempo, da pessoa ou de posição social, política e econômica, mas da maneira como ele se sujeita a Deus.

Um ministério avivado, frutífero e próspero nasce de um pregador que, mesmo tendo pequeno tempo e espaço, deixa-se dirigir pelo poder do Espírito Santo de Deus. E, esta graça, em pouco tempo e em qualquer lugar, é evidenciada no seu ensino, em suas pregações, no seu carisma de administração, na ação do Todo-poderoso sobre sua vida. Precisamos de avivamento em nós pregadores como foi o de João Batista, Lc 1: 15; Jo 5: 35.

  1. b) Ambiente, 1. Pregando no deserto, como arauto de seus tempos, anunciou, proclamou mensagens que lhe foram comunicadas pelo Senhor, Dn 3 e 4. Como mensageiro de Deus, foi fiel à vontade divina com intensidade e submissão, a ponto de dar sua vida pelo propósito, Mt 14: 3-10.

O ambiente era o deserto árido e vazio por causa da solidão espiritual que predominava há séculos entre o povo. Não muito diferente de hoje quando, externamente, há templos suntuosos ou divertimentos e muitos lugares que proporcionam prazer, mas, no seu íntimo, as pessoas vivenciam a solidão, estão áridas, como um deserto opressivo. Isso tem sido real na vida de milhares. Somente o avivamento na vida e no ministério do pregador hoje pode reverdecer muitos desertos, levando-os ao florescimento, Is 35: 1.

  1. c) A modalidade de vida, 4. O estilo de vida de João Batista era campestre e simples, típico de região desértica. Tudo era tão rústico, inclusive suas vestes e alimentação. O homem de Deus deve abster-se de ostentações e exageros na sua maneira de viver, principalmente aqueles que se dedicam expostamente à dignidade e formação de caráter do santo ministério.

 

O ensino doutrinário do pregador avivado

A base dos ensinos e pregações de João Batista era a doutrina do arrependimento: “Arrependei-vos”, v. 2 e 11, gritava ele. Esse imperativo também foi o princípio do ministério evangelístico de Jesus, Mc 1: 1-4. Que os pregadores avivados possam trazer de volta, aos nossos púlpitos, pregações poderosas sobre o arrependimento, segundo as modalidades de João e seu primo, Jesus Cristo.

  1. a) Arrependimento. O “arrependimento para a redenção” de que a Bíblia fala, 2Co 7: 10, não é um simples remorso, tristeza, sentimentos ou pesar passageiro e descomprometido com a realidade cristã bíblica. Arrependimento para redenção, salvação da alma, é uma mudança geral na alma e na vida do pecador que se entrega a Jesus Cristo como seu salvador. Daí a mudança no caráter, no comportamento, na condição espiritual, mudança de donos, de destino eterno. Seus desejos, seus hábitos passam a ser outros, 2Co 5: 10, 17; Rm 12: 1-2.
  2. b) A importância. O Mestre Jesus pregou enfaticamente sobre o arrependimento, Mt 4: 17. E ordenou que pregasse o arrependimento aos pecadores, Lc 24: 27. Então os apóstolos, obedecendo à ordem do Mestre, pregavam o arrependimento e as igrejas cresciam, At 2: 38; 3: 19; 3: 31.
  3. c) A urgência. Deus anuncia a todos os homens que é “agora” a hora da decisão, At 17: 30. Razões da urgência: “Porque é chegado o reino de Deus”, Mt 3: 2; “Porque ele é parte do preparativo do caminho do Senhor”, Mt 3: 3; “Porque o Rei Jesus, o Messias proclamado por João Batista e pelos profetas anteriores, já havia chegado”, Jo 1: 23-31.

Ênfases do texto para meditar: João viu a Jesus e disse: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, Ele é maior que eu, Ele é antes de mim”. “Eu batizo com água para arrependimento”, Mt 3: 11; Ele vos batizará com Espírito Santo e com fogo, Mt 3: 11b.

 Os ouvintes do pregador avivado

Multidões vindas de toda parte, com sede da Palavra de Deus, dirigiam-se ao pregador avivado, destemido, poderoso no ensino e ungido de autoridade divina.

  1. a) A repercussão, Jo 10:41 e Mt. 3:5 e 6. As notícias da unção de Deus que emanavam do pregador e ensinador sobre Jesus chegaram a todas as regiões. O maior milagre na vida de João era seu caráter, sua vida com fidelidade a Deus, com marcas radicais de uma comunhão com Deus que noticiavam às multidões uma vida transformada em Cristo, inclusive de grandes pecadores.
  2. b) Os resultados. João, como pregador avivado, sugere aos ensinadores de nossos dias que, num avivamento cheio do Espírito Santo, as multidões, inexplicavelmente, buscam a salvação. Através do poder persuasivo e atrativo “ia ter com Ele o povo de Jerusalém e de toda a Judeia e de toda província adjacente do Jordão”. Todos ouviram sobre o arrependimento e vida transformada aos pés de Cristo e eram batizados, Mt 3: 6. Se hoje os pregadores e as igrejas voltarem às origens terão os mesmos resultados.

O sucesso ministerial do pregador avivado

Onde estaria a origem do sucesso desse homem? O grande Deus que chama, vocaciona e prepara é o que faz tudo isso. João era desconhecido. Era do deserto. Seus trajes não ofereciam nada que despertasse ou chamasse a atenção das multidões, Lc 7: 24-28. Só que ele tinha elementos em seu mistério que precisamos descobrir para sermos vitoriosos em nosso trabalho.

O que ele era e o que tinha? João era homem de Deus, ungido, temente, fiel, simples e obediente ao seu chamado. Tinha poder e autoridade, zelo pelo ministério, mensagens ungidas e discernimento, pois conhecia os que de fato se arrependiam, Mt 3: 7.

  1. a) Formando discípulos. João formava homens que permaneciam sob suas ordens. Aos seus pés, aprendiam sobre o mistério de Deus, Lc 7: 18-19; 11: 1. Depois, os discípulos de João seguiram a Jesus, Jo 1: 35-42. Nisso é revelada a profundidade do testemunho de João Batista sobre Jesus. Seus discípulos tornaram-se os primeiros discípulos do Mestre Jesus, que maravilha!

No glorioso avivamento acontecem muitas decisões para uma nova vida. Conscientes da nova filiação, muitas vidas são batizadas. O batismo por imersão jamais deve ser realizado como um mero rito ou um meio de acrescentar mais membros ao rol, mas sim como uma prática da ordenança de Cristo Jesus. Temos de executar com seriedade, pois o batismo nas águas é uma figura da morte e ressurreição de nosso Salvador.

  1. b) Ensinando avivamento O arrependimento dos pecadores e sua conversão são obras do Espírito Santo. Por isso, é importante existir humildade no crente, no líder, no pregador e no educador. João foi visto por Jesus como o maior profeta, Mt 11: 11, mas nunca se proclamou como tal, nem quando insistiam com ele, Jo 1: 19-23. Ele apenas disse que era: “a voz do que clama no deserto”.

João batizou com água para arrependimento e, com o exemplo de Jesus, o batismo passou a fazer parte do Cristianismo. Ele também falou sobre batismo com o Espírito Santo e com fogo, que começou a ser cumprido no Dia de Pentecostes. Essa experiência é tão profunda na esfera espiritual como o batismo nas águas na esfera do natural.

Conclusão

O avivamento deve ser uma constância na vida do pregador. Sem ele, não pode ter poderosas mensagens ungidas que conduzem o pecador ao arrependimento e à salvação. Então, você está sendo desafiado a buscar o avivamento para sua vida pessoal e ministerial. Que Deus o abençoe.

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Fonte: Jornal Aleluia de dezembro de 2006

O avivamento e seus recursos básicos – Fevereiro/2007

O profeta Habacuque
é lembrado por causa de sua mensagem
de avivamento para seus dias, a qual,
pela sua profundidade, alcança também
a Igreja de hoje.

Por várias vezes, o povo hebreu, envolvido com as lides da vida material, afastou-se do Senhor. Esse estado de abandono das coisas de Deus, de esquecimento dos deveres espirituais, de valorização mais das práticas mundanas que as religiosas também permeou a história da Igreja e, infelizmente, chega até hoje. Mas Deus, na sua misericórdia, sempre levantou líderes, profetas, pregadores, homens que estiveram dispostos a enfrentar esse estado negativo e prontos a proclamar a autêntica e pura vontade do Senhor.

Estudaremos um destes homens, em Habacuque 3: 1-19. O profeta Habacuque é lembrado por causa de sua mensagem de avivamento para seus dias, a qual, pela sua profundidade, alcança também a Igreja do terceiro milênio. Sua palavra sustenta os filhos de Deus, os cristãos de nossos dias, diante do grande risco de sermos infectados pela mornidão espiritual que assola algumas de nossas igrejas, como já acontecera ao tempo de João e está narrado em Apocalipse 3: 15 e 16.

Habacuque e sua época

O profeta Habacuque viveu numa das épocas mais conturbadas da história de Israel. Homem de oração, de profunda comunhão com o Senhor, teve o privilégio de ver, com clareza o que estava ocorrendo e as consequências que adviriam de tanta desobediência e afastamento do Senhor.

Para que sua pregação e testemunho permanecessem, ele escreveu sua mensagem num livro preciosíssimo. Além dos problemas espirituais de afastamento do Senhor, havia graves problemas internos e ex-ternos em seu país.

● Externamente, a nação, por ser pequena, sentia-se insegura diante da ameaça da Babilônia (que hoje é o Iraque) e era um poderoso império. Temida por causa das atrocidades de seu exército, havia vencido os assírios e se preparava para atracar Israel: “Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas”, Hc 1: 6.

● Internamente, Israel vivia um tempo de declínio espiritual e moral. Imperavam a violência, a iniquidade, a opressão, a injustiça (1: 1-4); Nessa fase o povo estava longe de Deus e chegavam até a praticar a idolatria: “Ai daquele que diz à madeira: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas, no seu interior, não há fôlego nenhum”. Enfim, havia um fracasso nacional, como descrito em Hc 1: 2-5.

Notamos que os homens que não servem a Deus agem da mesma forma em todas as épocas: exploração do próximo, enriquecimento ilícito, ameaças, violência e assim por diante.

Habacuque sofria duplamente, pois via esse quadro de falta de temor em seus compatriotas e o Senhor lhe revelava o que iria acontecer ao seu país nos próximos e anos, que era a irreversível invasão por parte dos babilônios, Hc 1: 6-8, e o cativeiro.

De fato, a invasão e o cativeiro ocorreram. Narra a história bíblica que, em 586 AC, o exército babilônico cercou Jerusalém. Depois de uns tempos, tomaram a cidade, prenderam o rei Zedequias, furaram-lhe os olhos, incendiaram o templo e queimaram as edificações mais importantes, fizeram de seus líderes e habitantes prisioneiros, que foram levados ao cativeiro, Jr 52: 4-30 e 2Rs 25: 1-10.

Habacuque e seu livro

Pouco se sabe sobre a vida de Habacuque, a não ser o que se pode deduzir de seu livro, classificado entre os profetas menores por ter apenas três capítulos. Diferente dos demais, não há profecias contra países vizinhos ou pessoas, mas revelações do que Deus lhes mostrara, suas orações e reflexões.

Provavelmente atuasse no templo na área do louvor, como instrumentista ou cantor, Hc 3: 19.

Podemos destacar três afirmações muito importantes em seu livro:

a) “o justo viverá pela sua fé”, 2: 4. Esta declaração inspirou o apóstolo Paulo a escrever a Carta aos Romanos (Rm 1:7) e, posteriormente, a Martinho Lutero, que a tomou como base para a Reforma Protestante.

b) Os últimos versos de seu livro são considerados a mais elevada expressão de fé de todo o Antigo Testamento, 17-19.

c) O versículo “Aviva, ó Senhor, a tua obra”, 3: 2, revela sua insistência com Deus pela mudança do coração dos homens. E tem sido o lema dos anseios de renovação nas Igrejas.

Habacuque e a Igreja de hoje

Que lições podemos tirar dos ensinos desse homem de Deus para nossa vida espiritual e para nossas igrejas hoje?

É tempo de clamar por um avivamento. Habacuque percebeu que seus compatriotas precisavam mudar seu comportamento espiritual. Por isso, se coloca diante de Deus e roga que os olhos deles sejam abertos para a maior das necessidades, que é a de estar mais perto do Senhor e viver seus princípios.

A essa prática espontânea no modo de servir ao Senhor é que chamamos de avivamento ou renovação espiritual. Ela resultará na ação poderosa, irresistível do Espírito Santo, que se sobrepõe a qualquer força.

Quando o avivamento acontece, a renovação aparece e, consequentemente, seus grandes e necessários resultados surgem. A Igreja avivada cria crentes avivados. Seus membros tornam-se ativos, buscam ao Senhor, Is 55: 6, deixam de ser simples admiradores e ouvintes e passam a realizadores, Jó 42: 5. “Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te vêem”. Os crentes espirituais, 1Co 2: 15, são ativos e produtivos na obra do Senhor, Ap 22: 11.

É tempo de orar com profundidade. Orar crendo, orar buscando com sinceridade, orar tendo certeza de que está falando com o rei do universo. Orar para que Deus conceda um avivamento pessoal e coletivo com poder, glória e soberania. Vigílias, orações que partam do profundo de uma alma preocupada e que se derramem diante de Deus.

É tempo de buscar os meios de graça. A Bíblia enfatiza, tanto no Antigo como no Novo Testamento, que os grandes eventos foram antecedidos, marcados e alcançados com jejum, arrependimento, confissão, quebrantamento, espírito de humildade junto ao Deus que santifica, Josué 3: 5.

É tempo de valorizar a Palavra de Deus. Levar para a Igreja a eficiente palavra que vem como fogo e como martelo que esmiúça a penha do pecado, Jr 23: 29. Palavra abundante, fluente, poderosa, reavivadora como um carro forte. A palavra do Senhor é o agente ativo e divino para gerar o avivamento de que desesperadamente a Igreja precisa.

A Igreja carece de púlpito e de ensino que exponham as excelências do Espírito Santo e o culto ao Senhor tem de ser realizado com seriedade e espiritualidade.

É tempo de louvar o Senhor no poder do Espírito Santo. No andamento de um culto, o louvor ministrado com unção e testemunho de vida faz a glória de Deus se manifestar. Mas o louvor, se não for vigiado, pode ser a porta para entrada de costumes os mais indesejáveis na Igreja. Temos de clamar por avivamento de fogo em nossos louvores e zelar pela liturgia que agrade do Senhor e não aos homens, Amós 5: 21.

É tempo de buscar o temor a Deus e seus resultados. Se não houver temor constante, o crente vai perdendo a noção dos valores espirituais, dos perigos que o cercam, perde o repúdio ao mal, ao pecado, perde a sensibilidade para com os valores divinos e santos do Senhor. Isso empobrece sua vida espiritual. Quando os valores espirituais são apagados, há impedimento de acesso àquela vida de santidade e de retidão a Deus que é de suma importância para sua vida ministerial e no seu viver cotidiano, Habacuque afirma: “Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi”, 3: 2.

Conclusão

O que Deus fez ontem pode fazer hoje, Hab. 3: 3. Deixemos o Senhor ficar no controle da Igreja. Para isso, devemos orar como o profeta Habacuque. “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos”, 3:2. E, se isso fizermos, o tão precioso avivamento certamente virá, a renovação se firmará e todos os pastores e igrejas triunfarão na plenitude do Espírito Santo.

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Fonte: Jornal Aleluia de fevereiro de 2007