Vocação pastoral: uma reflexão na hipermodernidade! – Junho/2012

A Bíblia sagrada narra a vida
de vários homens de Deus
que responderam com disposição
à proposta divina
de realizar Sua vontade

Essa “vontade interior”, a que chamamos de vocação, é algo muito mais profundo que muitas vezes nos leva a renunciar o eu interior para nos colocarmos à disposição do reino. Somos arregimentados por Cristo, segundo o seu beneplácito, nos escolheu. “Não fostes vós que me escolheste a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos…” João 15:16.

Para entender melhor esta entrega se faz necessário a abordagem do assunto vocação em uma era em que o termo pós-moderno já foi substituído para o termo hipermoderno, mas as observâncias para os vocacionados são atemporais.

Segundo Kiéos Magalhães Lenz César a palavra vocação tem origens gregas no verbo kaleo e suas variações (o substantivo klêsis e o adjetivo kletós). O verbo kaleo significa eu chamo, nomeio, convoco: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados (eklêthete)” (Ef 4.1). O substantivo klêsis significa vocação, chamado, convite: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação (klêsin)” 1Co 1.26. O adjetivo kletós significa chamado, convocado: “de cujo número sois também vós, chamados (kletòi) para serdes de Jesus Cristo” Rm 1.6. Esses termos quase sempre são empregados com o sentido de vocação procedente da parte de Deus.

Bastos de Ávila faz breve referência a esse uso: originalmente, o termo se referia, de modo exclusivo, a uma disposição para a vida sacerdotal e religiosa. Nesse sentido, vocação significa um chamamento divino a um gênero de vida que permita dedicação total às coisas de Deus.

Calvino, em suas Institutas, diz que a vocação era a condição inicial para qualquer ofício: “…Portanto, para que alguém seja considerado verdadeiro ministro da Igreja, primeiro importa que tenha sido devidamente vocacionado, Hb 5:4; então responda ao chamado…”

O célebre pregador Spurgeon disse: “Antes que um homem assuma a posição de embaixador de Deus, deve esperar pelo chamamento do alto. Ser pastor sem vocação é como ser membro professo e batizado sem conversão… Estando seguro de sua vocação pessoal, deve investigar quanto à questão subsequente da sua vocação para o ofício; a primeira é-lhe vital como cristão, e a segunda lhe é igualmente vital como pastor.”

Aqueles que são vocacionados devem sentir-se privilegiados. Veigh disse: “A vocação do pastor é realmente um ofício especial. Não que ela tenha mais mérito do que qualquer outra vocação. Deus age e também está escondido em outras vocações. Mas o ofício pastoral não serve apenas ao mundo, mas ao reino espiritual de Deus. Cristo age no trabalho do pastor de modo libertador, graças à palavra do pastor e as consequências eternas do ministério.”

Obreiros vocacionados servem a Deus e a sua geração. Donald T. Turner disse:“Não há outra carreira ou profissão que ofereça ao homem tão grande oportunidade para servir sua geração.” Nosso papel, enquanto ministros de Cristo, é fazer Seu nome conhecido em nossa geração.

“Somos trabalhadores vocacionados da chamada final”, Alberto Barrientos diz. “A vocação é de Deus e corresponde às suas profundas aspirações. O trabalho pastoral está no plano de Deus para a humanidade caída. Não tem sua origem em planos humanos, mas no programa divino”. Todo chamado para obra de Deus provém da Trindade Divina que escolhe homens, mulheres e crianças para serem embaixadores do Reino.

Quando um pastor, obedecendo à sua vocação, ministra a palavra de Deus, neste momento ele se torna porta-voz dos céus. Whitloc declara: “Considerando que Deus não habita entre nós de forma visível, Ele usa o ministério de homens vocacionados para declarar abertamente sua vontade, transferindo-lhes o seu direito e honra, servindo suas bocas apenas para que lhe possa fazer seu propósito.”

Aqueles que desejam obedecer à sua vocação devem levar em consideração as palavras de Spurgeon: “Se vocês não sentem o calor sagrado, rogo-lhes que voltem para casa e sirvam a Deus em suas respectivas esferas. Mas se, com certeza, as brasas de zimbros chamejam por dentro, não as apaguem”.

Há muitos irmãos em nossas igrejas que sentem um chamado para o ministério, mas por vários motivos acabam desanimando-se. Uma das evidências da vocação é que a chama a cada dia aumenta, confirmando assim seu chamado, todavia esta chama não se restringe somente ao oficio pastoral. Não podemos nos esquecer dos milhões de soldados valentes que são vocacionados e servem a Deus no âmbito local.

Conhecemos muitas pessoas inteligentes e capazes, mas no que se refere à obra é necessário muito mais, pois haverá situações em que será necessário mais que habilidade humana e sim dependência de Deus.

Lutero aborda esta questão da seguinte forma: “A vocação não deve ser assumida levianamente, pois não é o suficiente que uma pessoa tenha conhecimento. Ele precisa estar certo de haver sido devidamente vocacionado. Aqueles que exercem o ministério sem a devida vocação almejam bom propósito, mas Deus não abençoa os seus labores. Eles podem ser bons pregadores, mas não edificam.” É por isso que palavras bonitas e bem colocadas não edificam e nem mudam vidas.

O papel pastoral é muito superior a um show ou apresentação. Somos canais de Deus e não podemos nos esquecer nunca de que não somos nós, pastores, que temos o poder de mudar as vidas, mas sem dúvidas somos uma ferramenta usada por Deus para encaminhar as vidas sedentas a Deus. Não despreze o seu chamado. Deus é quem o chamou e é fiel e justo para ajudá-lo nas suas limitações e dificuldades.

Segundo a Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil, vocação pode ser definida nos seguintes termos: O chamado para o ministério é diferente em, pelo menos, três sentidos: (1) não se baseia em tendências, mas no chamado de Cristo mediante o conhecimento de sua vontade e o testemunho interior do Espírito Santo; (2) não objetiva uma profissão nem um cargo para realização pessoal, mas uma posição de serviço que requer abnegação e transformação de caráter; e (3) implica o cumprimento exemplar de obediência à Palavra em todo o processo de crescimento espiritual, e capacitações e habilitações para a pregação e o cuidado público e individual.

Inimigos modernos da vocação pastoral

A vocação pastoral possui inúmeros inimigos modernos:

1) Relativismo missional:

Jedeias, citando Richard Baxter, aborda que o obreiro vocacionado precisa ter cuidado com a fragmentação do evangelho, pois neste mundo tão ávido por novidades podemos incorrer inconscientemente, em oferecer formulas rápidas. Deus nos chamou com o objetivo de anunciar sua palavra que é rica e profunda, pois o evangelho é tão simples que uma pessoa iletrada pode entender e, ao mesmo tempo, é tão profundo que os mais hábeis cientistas não conseguem compreender. Não podemos nos esquecer de que no evangelho, além das bênçãos, está também embutida a renúncia.

Este mundo pós-moderno tenta sufocar as convicções da igreja, mostrando a inversão de valores através do relativismo. Não podemos esquecer que o homem é complexo, mas o evangelho é completo.

2) Pragmatismo missional:

Vivemos em um mundo capitalista e competitivo, e esse vírus do crescimento a qualquer custo muitas vezes quer contaminar o ambiente cristão “porque nós não estamos como tantos outros, mercadejando a Palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Co 2.17), Rubens Ramiro Muzio em seu livro DNA da Liderança Cristã declara que muitos estão deixando de buscar orientação de Deus e estão buscando estratégias mercadológicas coorporativas. De fato, como pastores entendemos que administrar a igreja não é o mesmo que administrar uma empresa.

Podemos até emprestar algumas ferramentas para melhor atender a comunidade cristã, mas o perfil da igreja é completamente antagônico ao de uma empresa. Toda e qualquer formação secular dever estar subordinada à nossa missão de proclamadores da palavra de Deus.

Muzio enfatiza que as propostas de crescimento não devem ser pautadas em marketing, mas em visão missional contextualizadas na teologia bíblica. Segundo Jedeias de Almeida, muitos buscam crescimento a qualquer custo e sob qualquer bandeira.

Como vocacionados precisamos buscar em Deus o equilíbrio para entender que há momentos em nosso ministério em que o crescimento se dá por outras formas e não somente através de um rol de membros. “Um planta, outro rega e outro colhe; porém, o crescimento vem de Deus. “De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” 1Coríntios 3:7.

É inegável que nenhum pastor quer terminar o ano com o mesmo numero de membro com que o iniciou, mas muitas vezes o crescimento se dá, por exemplo, na consolidação dos recém-convertidos. Não podemos nos esconder atrás do ócio, mas também devemos ter claro em nossa mente que Deus dá o crescimento.

3) Subjetivismo missional:

Jedeias, em sua tese de doutorado, cita que atualmente pessoas têm escolhido viver de forma equivocada, achando que a seleção para o ministério se faz na perspectiva do mercado, necessidades da oferta e da procura e não pela direção do Espírito Santo. Tais escolhas estão fadadas ao fracasso, pois ser vocacionado não é buscar emprego.

Anísio Batista Dantas afirma: “Quem pensa que é fácil ser pastor não passa de um mal informado, ignorante e prepotente. Ser pastor não é ser dirigente de culto, é ser dirigente de vida e transmitir tudo aquilo que o doador da vida deseja que todos os homens recebam. Ser pastor não é falar bonito, não ser bom orador. Ser pastor e ter paixão pelas almas”. Outro aspecto que Rubens Muzio aborda em seu livro é o seguinte: o pastor desde século precisa ter habilidades para corresponder às exigências atuais. Jedeias comenta que há pessoas que buscam capacitações e treinamento no nível corporativo e deixam de buscar o maior e melhor professor que é o Espírito Santo. Tais capacitações visam ao antropocentrismo, e muitos se esquecem de que ser vocacionados é viver uma vida cristocêntrica.

Caros colegas, administradores são indicados, governos são eleitos para um tempo especifico e determinado, mas o pastor é chamado e vocacionado por Deus para ser porta voz em tempos de Guerras e Paz. MacArthur disse: Um chamado divino e inigualável, concedido a homens eleitos por Deus para serem ministros de Sua Palavra e servos de sua igreja.

Nossa vocação não é fruto da mão do homem: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” João 15: 16. Nossa vocação é fruto de uma escolha diretiva do Senhor. Não devemos nos esquecer de que estando em um pequeno centro populacional ou em uma megalópole, pastoreando uma pequena ou grande igreja, tendo inúmeras habilidades ou sendo limitados por vários contextos, foi Deus que, em seu olhar eterno, nos arrebanhou para sua seara.

Somos privilegiados por Deus nos conceder tão grande responsabilidade de pastorear pessoas e ver que através de ministrações, de aconselhamentos e proposta de intervenções podemos ver estas almas transformadas pelo poder que há no nome de Jesus e na Palavra de Deus. Somos abençoados por ver um Deus tão poderoso cuidar de maneira tão especial de nós e de nossas famílias. Às vezes temos dificuldades, mas não existe nada melhor do que sabermos que estamos cumprindo as ordens de nosso comandante (o nosso Deus) e ter convicção de que vai dar tudo certo, porque é Ele que esta no comando. A este Deus que tudo sabe, que tudo vê, a Ele sejam dadas glórias, pelos séculos dos séculos. Amém. 1Pedro 5: 11.

“Umas das coisas mais belas de se ver em um púlpito é um pastor vocacionado ministrando.” Pr. Gilberto Eller Filho, IPR de Goioerê, abril
de 1997, Ministração no SPRC.

“Um dos passos mais importantes de um candidato ao Seminário é ter convicção de sua vocação. Pois no seminário e no ministério o obreiro será testado nos níveis mais intensos e variados de sua vida. Pr. Lauro Celso de Souza -Santa Ceia no SPRC, 1998.

“Cada um na vocação em que foi chamado, nela permaneça.” (Vulgata)

Aquele que tem uma profissão tem um bem; aquele que tem uma vocação tem um cargo de proveito e honra. (Benjamim Franklin)

“O sentido da vocação é o sentido superior do homem… Dia memorável na vida de um homem é aquele em que ele se convence de que há um serviço que ele deve e pode prestar à sua pátria ou à sua época.” – John Mackay.

Bibliografia consultada

Donald T Tuner. A Prática do Pastorado. Instituto Bíblico Brasileiro por correspondência. Imprensa Batista Regular.

Riggs Ralph M. O Guia do Pastor. 3ª ed, 1980, Editora Vida.

Dantas A. Batista. O Pastor e seu Ministério. 1990
Barrientos Alberto. Princípios e Alternativas do Trabalho Pastoral. Editora Crista Unida.

PETERSON, Eugene. A Vocação Espiritual do Pastor: redescobrindo o chamado ministerial. São Paulo: Mundo Cristão, 2006.

Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil. Anexo do candidato ao ministério.

Kiéos M. Lenz César. Vocação: Perspectivas Bíblicas e Teológicas. Viçosa Ultimato 2002, pp. 17-23

Duarte A. Jedeias. A Vocação para o Serviço ou Serviço dos Vocacionados. Fides Reformata XVI, Nº 2, 2011, pp. 99-117

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Fonte: Jornal Aleluia 374, de junho de 2012, p. 5

Síndrome de Constantino. Uma abordagem sobre o nominalismo no século XXI – Maio/2012

Viver a vida cristã sempre foi um grande desafio.
Mas o prazer da comunhão com Cristo supera qualquer vento contrário. Todo cristão engajado com os princípios apostólicos tem satisfação em congregar, bem como em externar sua fé.

O mundo contemporâneo está vivendo uma época de grandes mobilidades. No que se refere à espiritualidade brasileira, hoje nascem tantas manifestações religiosas que nos surpreendem pela sua criatividade de nomes e de filosofias “pseudo-teológicas”. O aumento dessa pluralidade religiosa, entre outras coisas, tem produzido o aumento do retrato sócio-espiritual que é o aumento de cristãos evangélicos nominais, ao que podemos denominar de “síndrome de Constantino”.

Por que síndrome?

Síndrome significa a reunião de alguns sintomas ou comportamentos que caracterizam uma patologia não específica e sem causa determinada. Dados da revista Isto É, citando o IBGE, aponta que: os “evangélicos de origem que não mantêm vínculos com a crença saltaram, em seis anos, de insignificantes 0,7% para 2,9%”. Em números absolutos são quatro milhões de brasileiros a mais nessa condição.

O espírito de nominalismo vem de longe e tem como seu precursor o imperador Constantino que, segundo Gene Edwards, qualifica o Imperador Constantino como o primeiro cristão medieval: “noventa por cento cristão de nome e noventa por cento pagão de pensamento”.

Cristão nominal

O termo “cristão nominal” é usado para qualificar o indivíduo que professa uma determinada fé sem, contudo, ser praticante. Esta expressão foi utilizada pela primeira vez por William Wilberforce (1759-1833). Winston Churchill, citando Wilberforce, dizia que esse líder do movimento abolicionista do tráfico negreiro fora um cristão crítico, que rejeitava o cristianismo acomodado. Wilberforce dizia: “que não bastava professar o Cristianismo, levar uma vida decente e ir à Igreja aos domingos, mas que o Cristianismo atravessa cada aspecto, cada canto da vida cristã”.

Sua abordagem do Cristianismo era essencialmente prática. Dentro da visão de Wilberforce “os interesses do cristão nominal concentram-se nas coisas temporais; os interesses do cristão autêntico concentram-se em coisas eternas. O dicionário catequético da Igreja Presbiteriana do Brasil descreve “cristão nominal” como aqueles que usam a igreja para “um ponto de encontro para rever os amigos, parentes e para ter uma “terapia espiritual”, sem, contudo, ter “o novo nascimento”.

Já o Congresso Internacional de Evangelização, Lausanne, 1974, define como cristão “nominal” aquele que “se intitula cristão, mas não tem um relacionamento autêntico com Cristo com base na fé pessoal.”

Perfil do cristão nominal

Nesse Congresso de Lousanne foi levantado o perfil do cristão nominal:

Perfil do cristão nominal

1) Frequenta a igreja, sem relacionamento pessoal com Cristo.

2) Vai à igreja, mas por motivos culturais e não espirituais.

3) Frequenta a igreja, mas só nas festividades e cerimônias especiais.

4) Há o que não frequenta a igreja nem é membro dela, mas se considera verdadeiro cristão.

Verdades que os cristãos nominais devem saber:

1) Devemos “mostrar” que a verdadeira espiritualidade é evidenciada na prática diária. Tiago 1: 27: “A religião pura e imaculada com nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e guardar-se incontaminado do mundo”.

Quando Tiago escreve a respeito do cuidado com órfãos e viúvas, ele tem em mente evidenciar que a vida cristã tem seu lado prático. Pois fé e obras (a prática) caminham juntas e são indeléveis. Tiago declara que a espiritualidade saudável é acompanhada de uma vida prática, e todo cristão autêntico se esforça para viver as ensinanças do evangelho em seu cotidiano.

2) Devemos “conscientizá-los” de que uma vida cristã plena redunda em bem-estar espiritual. Tiago 1: 25: “…aquele, porém que atenta bem para lei perfeita, a da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será BEM-AVENTURADO NO QUE REALIZAR”.

Um dos maiores prazeres que o cristão pode ter é viver as bênçãos contidas na Palavra, e isso só é possível quando nos entregamos cabalmente à vontade de Deus. O evangélico que oferta apenas porções de sua vida terá dificuldade em desfrutar dessa riqueza, pois a vida cristã se torna impraticável quando vivida pela metade.

3) Devemos mostrar que o evangelho é vivo. Hb 4:12: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz,e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.

Como líderes, devemos nos esforçar para mostrar aos cristãos nominais que a Palavra de Deus é viva, Deus é dinâmico e pode aquecer a vida descompromissada de qualquer pessoa.

4) Devemos “levá-los” a uma experiência impactante. At 9: 3: “Aproximando-se ele de Damasco, na sua viagem, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu”. 1Cor 4:20: “Pois o reino de Deus, não consiste em palavras, mas em poder”.

O cristão nominal muitas vezes é perito em repetir textos bíblicos, porém como ministros da Palavra é de vital importância que sejamos um canal de Deus levando-os a uma experiência com Deus.

O apóstolo Paulo era doutor da lei judaica, porém só experimentou uma mudança radical quando teve um impactante encontro com Cristo, segundo o adágio popular: “contra fatos não há argumentos”. Algumas ferramentas podem ser utilizadas como campanhas de oração, retiros espirituais, busca de plenitude do Espírito Santo entre outras, mas o essencial é um real encontro com Cristo, pessoal e marcante.

5) Devemos tratá-los com medida intervenções de longo prazo. Rm 10: 17: “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”

É necessário que o líder e a igreja tenham paciência pois é um tratamento de longo prazo.O cristão nominal é um ser dotado de fé, pois ainda esta no meio da congregação, porém o que lhe falta é o engajamento com os valores do reino, saindo de um anonimato insípido e cinzento para uma vida de pratica e rica no âmbito espiritual.

Mudanças no âmbito psico-espiritual muitas vezes levam tempo. E, para não haver frustração pessoal, é necessário que o líder não desanime em seu ministério de ensino e de cuidado pastoral.

Caros amigos e colegas! Este tema tem sido recorrente no decorrer dos anos, e nós, na missão de porta-vozes, não podemos nos esquecer que, se há pessoas descompromissadas, por outro lado há muitos que são engajados e que se esforçam por viver os valores do reino. Precisamos estar ao seu lado.

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Maio de 2012.

Uma abordagem sobre o esgotamento físico dos pastores – Junho/2011

A atual conjuntura tem exigido
do pastor tomadas de decisões
que, em outras épocas,
nem eram cogitadas.

A cada dia fica mais comum, em nossas igrejas, termos de orientar casais em conflitos, famílias vítimas de violências, outras desestruturadas economicamente, jovens envolvidos com drogas, casamentos precoces, e pastorear, com muita frequência, pessoas com depressão, câncer, Alzheimer e outras doenças graves.

Tudo nos leva a buscar informações sobre assuntos como eutanásia, tratamento com células tronco, inseminação artificial, aconselhamento de casal com filhos siameses, violência, desigualdade social e outros tantos temas e problemas.

O pastor deste mundo pós-moderno, além de lidar com as questões já mencionadas e outras não listadas, ainda tem de desenvolver diversas habilidades, especialmente na área administrativa. Para poder corresponder com as necessidades do homem moderno, segundo Donald Price, em seu livro Conflitos e Questões Polêmicas na Igreja, a sociedade e igreja cobram do pastor atual que ele tenha mente erudita, coração de criança e pele de rinoceronte.

Amados, sabemos que para o pastor dar conta de todas essas exigências não é possível. Nem há tempo e nem condição emocional para tanto. Ocorre, então, que os desafios da atualidade têm gerado nos pastores desgastes que, por sua vez, podem ser somatizados, trazendo consequências pessoais, familiares, financeiras, e para o reino. Sobre isso é que desejamos oferecer uma contribuição

A síndrome de Burnout

Tenho observado que existe um crescente número de pastores que vêm desenvolvendo problemas de saúde devido ao desgaste como cuidador ou demonstram a síndrome de Burnout (descoberta na década de 70). É um distúrbio psíquico de caráter depressivo, caracterizado pelo esgotamento físico e mental. Burnout é uma expressão inglesa (“to burn out” que significa queimar por completo. O esgotamento está relacionado com o estresse causado pelo “trabalho como cuidador”. E o ofício pastoral nada mais é que cuidar espiritualmente, fisicamente etc.

Segundo Champlim, a palavra pastor vem do hebraico e significa cuidar dos rebanhos. Na condição de cuidador, o pastor não está isento de sofrer situações estressantes. O portador da síndrome de Burnout se destaca pela dedicação exagerada à atividade que exerce, em nosso caso o pastorado. O desejo de ser sempre melhor, de ter altos desempenhos, o desejo de valorização pessoal faz com que a vida de cuidador (pastor) se torne uma obstinação e compulsão, levando a um desgaste emocional e físico muito intenso.

Fisiopatologia do estresse: Em condições de estresse crônico, várias substâncias como o cortisol e outros são lançadas na corrente sanguínea, causando desequilíbrio. A maioria dos óbitos é causada por doenças no sistema cardiovascular e um dos fatores é o estresse.

Alguns sintomas dessa síndrome

Sintomas psicossomáticos: enxaqueca, dores musculares ou cervicais, gastrite, úlcera, diarreias, palpitações, hipertensão, Na mulher, suspensão do ciclo menstrual; no homem, a impotência. E baixo libido nas mulheres e homens.

Sintomas comportamentais: violência, drogadição medicamentosa, incapacidade de relaxar, mudanças abruptas de humor.

Comportamento de risco – Suicídio: conversas que dizem que a vida não vale à pena ou por que Judas não foi salvo? – tais assuntos têm como alvo defender o suicídio.

Sintomas emocionais: alto nível de impaciência, distanciamento afetivo como forma de proteção do ego, frequentes conflitos interpessoais, sentimentos de solidão, irritabilidade, ansiedade, baixa tolerância à frustração, dificuldade de concentração impotência, declínio no desempenho profissional (pastorado), apatia e negação.

Essa síndrome geralmente é desenvolvida em pessoas que tiveram alto grau de esforço físico ou mental e tiveram ou não pequenos intervalos de descanso para se recuperarem fisicamente.

O que fazer?

Como pastores, precisamos mudar um aspecto de nossa cultura, pois se não cuidarmos de nós mesmos como teremos condições de cuidar do próximo? “Ame o próximo como a ti mesmo.” – Marcos 12: 31. Muitas vezes dizemos para igreja buscar ajuda de um profissional e nós mesmos não agimos assim.

Os pensamentos geram os comportamentos. Por isso, é de suma importância mudar tais fatores psíquicos e enxergar que não precisamos ser sempre 100%. Existe uma máxima em saúde mental: atrás de todo excesso se esconde uma doença. Em nosso caso, pastores, muitas vezes esquecemos de que o próprio Deus teve seu momento de descanso. Ele é o promotor dessa ideia. O descanso é fundamental para renovar nossas energias e nos deixa abertos para novas ações e empreendimentos. Com as energias renovadas, ficamos mais dinâmicos. É uma violência consigo mesmo e com sua família o pastor não buscar alternativas para descansar.

Viver sem estresse

Viver sem estresse é impossível, mas podemos minimizá-lo de algumas formas, no caso da vida do pastor:

Tirando férias quando possível: o hábito de recarga de energias é importante para todos os seres vivos, mas algumas vezes nós pastores achamos que não fazemos parte desse meio. E alguns ficam vários anos sem investir em si através de alguns dias de férias. E alguns, quando o fazem, ainda querem levar membros da igreja consigo, nas viagens de férias. Essa atitude, por mais nobre que seja, tira a privacidade da família pastoral e acaba, de certa forma, minimizando seu descanso.

Investindo em atividades que proporcionam prazer: muitas vezes parece quase pecado revelar que temos um hobby, pois, para alguns, falar de algo que não seja ir à igreja e ler a Palavra “ainda” é um tabu. Mas não podemos esquecer de que o ministro e sua família precisam de algum tempo de lazer. Esse tempo produzirá não só o descanso físico, mas também uma renovação mental e espiritual.

Evitando o sedentarismo. A inatividade tem sido a causa de doenças como obesidade, diabetes mellitus, problemas cardiovasculares, entre outros. A atividade física proporciona ao organismo uma ativação de substâncias que estimulam a circulação sanguínea, causando bem-estar físico e mental.

Direcionando seu ministério para uma visão qualitativa. Somos frutos de uma sociedade competidora, ávida pelo sucesso e, muitas vezes, nós pastores, sem darmos conta, entramos, nesta correria em busca de produção.

Não podemos nos esquecer de que a obra não é nossa e sim de Deus e, no demais, nem sempre podemos ter como crescimento somente números. Existem outros crescimentos além do numérico. Como queremos produzir para o reino, não devemos viver uma vida apenas de ativismo, “sacrificando” a nós mesmos, à família e até a igreja em buscas de resultados imediatos.

Que Deus nos ajude a aprender a cuidar bem de nosso corpo para, assim, durante muitos anos, podermos cuidar com eficiência da obra que Ele nos confiou. Trabalharmos, sim, mas com moderação e inteligência, para fugirmos de um estresse que venha nos impedir de servi-lo.

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Fonte: Jornal Aleluia 372, de março/abril de 2012, pp. 8 e 9.

O ministro e sua saúde mental – Novembro de 2014

Uma abordagem situacional

sobre a depressão

em pastores

A Organização Mundial de Saúde (OMS), através de pesquisas, tem demonstrado que a depressão é o mal do século. Segundo esta instituição os casos de depressão tendem a superar as doenças cardíacas e o câncer, nos próximos vinte anos. Também será a doença que mais gerará gastos econômicos e sociais para os governos. Segundo Sexana, médico psiquiatra da OMS:

“Nós poderíamos chamar isso de uma epidemia silenciosa, porque a depressão está sendo cada vez mais diagnosticada, está em toda parte e deve aumentar em termos de proporção, enquanto a (ocorrência) de outras doenças está diminuindo”.

A realidade da depressão entre pastores

Algumas pesquisas entre o público evangélico têm demonstrado que o número de pastores com problemas psiquiátricos tem aumentado. Segundo o psiquiatra Dr. Pércio, essas pesquisas tem apontado que, entre os pastores, esse índice é maior que em outras profissões.

Recentemente foi verificado que, em um grupo amostral, 26% eram pastores portadores de problemas psiquiátricos e, no caso, depressão. Segundo a pesquisa de Lotufo Neto, medico psiquiatra e professor de medicina do Hospital das Clinicas em São Paulo, foi encontrado maior incidência de doenças mentais entre ministros protestantes se comparados à população geral, e os transtornos depressivos responderam por 16,4% das doenças mentais encontradas nos ministros protestantes.

Conforme pesquisas da Universidade do Rio Grande do Sul, a UNISINOS, o pastor, líder carismático, ungido, investido da imagem do “homem de Deus” na comunidade, tem de estar sempre pronto e disponível para as atividades pastorais. Essa pronta disponibilidade atrelada à falta de um horário determinado para as atividades pastorais é apontada como uma das causas predisponentes a doenças.

Essas atividades frequentemente demandam uma alternância de emoções: sepultamento pela manhã, reunião de liderança à tarde, casamento em final de tarde e culto à noite; ou seja, a vivência, num mesmo dia, da dor e do luto, o exercício da lógica e a preocupação, a celebração de momento de alegria, prédica e exortação; e atreladas a essas atividades, todas as emoções sentidas, expressas e contidas pelo veículo sagrado.

A função pastoral está atrelada a responsabilidades e preocupações com o reino de Deus de uma forma ampla (crescimento do reino, manutenção, assistência a líderes e a membros da igreja…) todas essas atividades dinâmicas causam profundo desgaste físico e, às vezes, até emocional. Existem alguns fatores na análise de uma depressão.

Fisiopatologia da depressão entre pastores

Fatores endógenos. Existem várias hipóteses para a depressão e uma das mais aceitas é a biológica. Podem ocorrer deficiências dos neurotransmissores, como a serotonina (substância que modula o humor, sono e apetite), a noradrenalina (moduladora do humor), a dopamina (substância estimulante). O baixo nível de captação neuronal dessas substâncias causa a depressão.

Fatores exógenos. Fatores ambientais, como por exemplo, o estresse, circunstâncias adversas, problemas profissionais, familiares, momentos de perda, de ruptura, etc., ou seja, trata-se de uma Depressão causada fundamentalmente por fatores ambientais externos.

Sintomas. Os sintomas de depressão são muito variados e podem mudar de uma pessoa para outra. Existe uma forma didática e básica para conseguir detectar seus sintomas e são chamados: a) Inibição Psíquica, b) Estreitamento do campo Vivencial e c) Sofrimento Moral.

a) Inibição psíquica

Inibição psíquica é o processo que leva o deprimido a ficar lento em suas ações. Ela faz com que tarefas do cotidiano se tornem uma eternidade, pois não há dinamismo mental. Compromete a memória, o rendimento intelectual e o verbal.

b) Estreitamento do campo vivencial (perda de prazer)

O estreitamento é uma expressão que representa a progressiva perda do prazer. Essa evolução da depressão pode chegar a Anedonia, que é a incapacidade em sentir prazer em suas atividades, até mesmo as que, no passado, geravam prazer.

Nessa fase, o individuo se fecha para o mundo, pois não há ânimo para as atividades ocupacionais, as quais são substituídas por grandes períodos de isolamento. Não existe vivência construtiva com os outros e nem consigo mesmo. Nada mais pode gerar prazer.

c) Sofrimento moral (autoestima baixa)

Esse sentimento é caracterizado por sentimentos de menos valia. Trata-se de um sentimento de autodepreciação, auto-acusação, inferioridade, incompetência, culpa rejeição, fraqueza.

Dados demonstram que, na fase do sofrimento moral, é elevado o número de pessoas com ideação suicida. A pessoa depressiva se vê como o pior ser humano do mundo, e se acha o ser humano mais incompetente que existe. Para diminuir ou acabar com essa dor, alguns buscam a saída no suicido.

Em sua pesquisa o Doutor em Psiquiatria e presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, Dr. Pércio, identificou algumas causas que levaram esse grupo amostral de pastores à depressão. São elas:

Problemas com lideranças da igreja;

Baixa remuneração;

Mudança constante de igreja;

Falta de apoio da igreja local;

Pastor tem expectativas que não são correspondidas pela igreja;

Estresse relacionado à atividade pastoral;

Queixas das esposas com relação ao tratamento dado pela igreja;

Pecado;

Enfraquecimento na fé.

A Bíblia nos mostra homens que tiveram grande experiência com Deus e que passaram por momentos de comprometimento de sua saúde. Elias foi um dos personagens que passou por uma depressão. Mesmo tendo passado por este período difícil de sua vida, Deus lhe mostrou uma saída.

Algumas intervenções
para superar a depressão

1) Abrindo-se para uma experiência diferente com Deus.

Vejamos o que nos ensina o texto de 1Reis 19: 5-21:

“E depois do terremoto um fogo, porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu, e pôs-se à entrada da caverna. E eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? Versos 12 e 13.

No quadro depressivo é comum as pessoas se fecharem para o mundo, porém deve-se incentivar a busca da cura através de uma experiência com Deus, pois Ele sabe como nos ajudar nesse processo. Elias só conseguiu superar seu problema devido a essa experiência espiritual que mudou sua vida e seu ministério.

2) Sabendo que nossa missão é importante para Deus

“E o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e vem, e unge a Hazael rei sobre a Síria.” Verso 15.

Deus estava reafirmando que a tarefa de Elias era importante para a nação de Israel, naquele momento. O cenário espiritual político estava em declínio e Elias era o homem que seria usado para promover mudanças. Quando alguém entra no quadro depressivo, logo, para ele, seu trabalho, família e comunidade não têm mais importância. É necessário realçar que Deus, em seus propósitos, conta com aquela pessoa, com seus serviços.

3) Superando a decepção com o próximo

“E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.” Verso 14.

A depressão de Elias era exógena. A falta de compromisso das pessoas, o descaso com o sagrado, a superficialidade fizeram com que lhe aflorasse a depressão. Pessoas com o perfil de perfeccionismo podem, no decorrer do ministério, se frustrar, pois vão encontrar pessoas descompromissadas. É necessário saber que nossa missão, como pastores, é oferecer apoio e alimento espiritual e caberá ao outro decidir pela escolha. Desta forma teremos claro, em nossa consciência, o senso de dever cumprido.

4) Utilizar o modelo comportamental adotado por Jesus.

Jesus é nosso modelo perfeito em tudo. Ele possuía engajamento social saudável.

“E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia, e estava ali a mãe de Jesus. E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bodas.” João 2: 1-2.

Um dos fatores exógenos que leva à depressão é o distanciamento social. Jesus demonstrou muitas vezes estar envolvido com eventos sociais saudáveis.

Dentro da agenda de Jesus, ele destinava períodos para recarregar suas energias vitais, dando tempo para a reflexão, descanso da fatiga gerada pela ministrações. É de suma importância que o ministro saiba desfrutar também de tempos para renovação física e mental, afastando, assim, alguns motivos que desencadeiam a depressão.

A depressão não escolhe idade nem classe social, e nenhum de nós está isento de passar por ela. Por isso, é de suma importância que nós, ministros, estejamos atentos para esses sinais, pois o diagnóstico precoce e a prevenção ainda são o melhor remédio para cura.

Estamos a serviço do Senhor, mas somos de carne e osso. Não oculte de seu médico suas preocupações e ele poderá indicar os exames necessários ou mesmo encaminhá-lo a um especialista.

Novembro de 2014

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Bibliografia

1 – http://www.estadao.com.br/noticias/geral,oms-depressao-sera-doenca-mais-
comum-do-mundo-em-2030,428526,0.htm
Acesso em 12/02/2009.

2 – http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=301&sec=26
Acesso em 01/03/2008.

3 – Deus G. Ribeiro Pérsio. Um Estudo da Depressão em Pastores Protestantes.

4 – LOTUFO NETO, F. Psiquiatria e religião. A prevalência de transtornos mentais
entre ministros protestantes. 1977. Tese (Livre-Docência)–Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1977

5 – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de transtornos mentais
e de comportamento do CID 10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas.
10. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. UNISINOS. Stress na vida religiosa.

Tratativa sobre o câncer de próstata – Novembro de 2014 e novembro de 2017

Superando preconceitos:
um enfoque sobre a saúde masculina

Ter o dom da vida é um grande milagre de Deus. Desde quando nascemos até quando já estamos com a idade avançada, desfrutamos desse privilégio. No entanto, precisamos focar nossa atenção na qualidade de nossa saúde e isso em cada etapa de nossa vida, pois passamos por mudanças biológicas e físicas a cada fase que vivemos. Quando pensamos na saúde masculina, faz-se necessário destacar a atenção que esta merece, principalmente a partir dos quarenta anos de idade. Cada período de nossa vida deve ser desfrutado ao máximo possível, não nos esquecendo dos riscos e cuidados que cada um deles merece.

Pensando nisso, gostaria de abordar os cuidados especiais que nós os homens precisamos ter com nossa saúde, relacionada à área urológica.

O apóstolo João, em sua terceira Carta, demonstra preocupação com a vida espiritual como também com a vida física (a saúde) dos irmãos de sua época. Ele intercede para que os cristãos tenham boa saúde. Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo corra bem, assim como vai bem a sua alma. 3João 1:2.

A palavra de Deus contempla o ser humano em todas as suas esferas, pois a palavra salvação tem sua origem no grego soteria, transmitindo a ideia de cura, redenção, remédio e resgate. No latim salvare, que significa salvar´, e também de `salus´, que significa ajuda ou saúde. Na 3ª Epístola de João 1:2, o termo boa saúde aparece significando estar saudável. Porém sabemos que estar saudável todo tempo é impossível, pois a cada momento nosso sistema biológico está em transformação e se defendendo de todo tipo de agressão. Mas, no tocante à saúde masculina, temos de nos preocupar, pois com o passar do tempo algumas doenças podem aparecer.

A partir dos 40 anos

A partir dos 40 anos é de fundamental importância que o homem cuide de sua vida urológica, buscando assim prevenir um dos grandes males da saúde masculina chamado câncer de próstata. São recomendados exames de rotina a partir dos 45 anos para aqueles que não têm casos familiares de câncer, e aos 40 anos para os que, entre seus familiares, há casos de câncer.

A próstata é uma glândula masculina que se localiza entre a bexiga e o reto. Essa glândula participa da produção do sêmen, líquido que carrega os espermatozoides produzidos no testículo. Ela envolve a uretra e seu tamanho normal é de uma azeitona. A próstata, como todo o aparelho sexual masculino, tem o seu funcionamento regulado pelos níveis de testosterona circulantes, o hormônio masculino.

Os riscos

O câncer de próstata é o sexto tipo mais comum no mundo e o de maior incidência nos homens.

Cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem em homens com mais de 65 anos. Quando diagnosticado e tratado no início, tem os riscos de mortalidade reduzidos. No Brasil, é a quarta causa de morte e corresponde a 6% do total de óbitos por este grupo.

Segundo estimativa de pesquisa sobre a incidência de Câncer no Brasil, realizada pelo Instituto Nacional do Câncer em 2010/2011, a população masculina do Rio Grande do Sul é a que está sujeita a mais casos de câncer de próstata, sendo de 80 para cada 100 mil homens, por ano.

Na maioria dos homens, o câncer de próstata não apresenta qualquer sintoma na fase inicial de desenvolvimento da doença. Entretanto, alguns homens podem sentir os seguintes sinais:

Conheça os sintomas

Jato de urina muito fraco ou reduzido;

Necessidade frequente de urinar, especialmente à noite;

A sensação de que sua bexiga não se esvaziou completamente
e ainda persiste a vontade de urinar;

Dificuldade de iniciar a passagem da urina;

Dificuldade de interromper o ato de urinar;

Urinar em gotas ou jatos sucessivos;

Necessidade de fazer força para manter o jato de urina;

Necessidade premente de correr ao banheiro – pode,
inclusive, ocorrer que a urina vaze antes que chegue ao banheiro;

Sensação de dor na parte baixa das costas ou na pélvis (abaixo dos testículos) e

Sintomas menos comuns como dor durante a passagem
da urina, dor quando ejacula ou dor nos testículos.

O exame preventivo independe desses sintomas, pois, sendo preventivo, deve ser realizado mesmo que não existam sintomas.

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Homens mais jovens também podem ser afetados, mas são casos raros. O risco de desenvolver câncer de próstata aumenta com a idade. Mas o histórico familiar também é importante. Se um parente próximo (pai ou irmão) tem câncer, é necessária maior atenção e controle. Os riscos aumentam ainda mais caso um parente próximo tenha sido diagnosticado com câncer com idade inferior a 60 anos.

Segundo pesquisas americanas, homens da raça negra têm mais câncer de próstata que homens da raça branca, e mais que homens de origem oriental.

Prevenção

Quanto mais precocemente se diagnostica um tumor, maiores são as chances de cura, sendo diagnosticado no início as chances são de 90% de cura.

Os exames mais comumente realizados para se detectar esse tipo de câncer, precocemente ou não, são o toque retal, o exame de ultrassonografia transretal e o exame de PSA (antígeno prostático-específico).

Preconceito

O estudo “Saúde Masculina, o Homem e o Câncer de Próstata” foi realizado em Belo Horizonte, Belém, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, entre os dias 2 e 7 de outubro de 2009 e revelou dados impressionantes. Entre eles: por que os homens não fazem o exame? A resposta pode estar no preconceito e machismo. O levantamento mostrou que 77% concordam que os homens não fazem exame de toque retal por preconceito e 54% percebem que os homens têm medo do exame. Mas, quando questionados sobre a não a realização do exame, apenas 8% admitem preconceito em relação ao toque, enquanto 13% afirmam descuido, preguiça, relaxo e falta de tempo.

“Ninguém vai dizer que é preconceituoso, pois não é politicamente correto, mas se admitíssemos o preconceito, talvez estivéssemos indo mais ao médico. O problema é que o homem foi educado para ser Super-Homem. Pra eles doença é sinal de fragilidade”, explica Schubert.

Sobre o exame realizado para diagnóstico do câncer de próstata, dados da pesquisa mostraram que 47% dos homens já fizeram o PSA (exame sanguíneo) e 54% têm conhecimento de tal exame. O coordenador Schubert, no entanto, reforça que para detectar o câncer de próstata é importante fazer dois exames, tanto o PSA, quanto o exame de toque, apenas os dois testes conjugados vão poder ajudar a verificar a presença de um problema na próstata ou a ausência dele.

Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco do câncer. Especialistas recomendam pelo menos 30 minutos diários de atividade física e procurar manter o peso adequado à altura.

Caros colegas, quantas vezes levamos nossas esposas e filhas ao médico, porém sempre adiamos nossa vez.

É crescente o número de homens que, quando procuram o medico, já estão em estado avançado de certas enfermidades, a quem, em muitos casos, o medico diz: você deveria ter feito o exame preventivo há 10 ou 15 anos, e agora só nos resta administrar o problema advindo da enfermidade. Quantas pessoas à nossa volta que, se tivessem realizados exames preventivos, teriam grandes chances de cura de suas enfermidades.

Somos educados a cuidar bem da nossa vida espiritual e nos esquecemos da vida física e saúde. Usando as palavras de João: Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo corra bem, assim como vai bem a sua alma, 3João 1:2, precisamos rever nossas necessidades e procurar, na mediada do “possível”, cuidar de nossa saúde como cuidamos de nossa alma. Quantas famílias hoje são privadas da presença do sacerdote do lar devido à falta de um simples ato que poderia ter sido tratado há anos.

Que Deus me ajude e que Deus nos ajude nessa mudança de paradigma.

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* O pastor Alessandro Silva é enfermeiro pela Universidade Anhembi Morumbi
(Ênfase em Saúde Mental), formado pela Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade
de Santos e trabalha com Aconselhamento Pastoral CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos.