Tsunâmi, chacina no culto e queda de torre: lições ensinadas pelas tragédias da vida – Março/2005

Morrer em uma tragédia
não é o maior problema
da existência humana; pior que isso
é morrer em rebelião contra Deus.
No dia a dia, alguém pode
até viver sem Jesus.
Horrível será morrer sem Ele como salvador

Tsunâmi, em japonês, significa onda gigante e o termo ficou mundialmente conhecido após o dia 26 de dezembro de 2004. Nessa data, uma tragédia foi produzida por sismos submarinos, em uma região em que há fortes movimentos tectônicos, e pessoas de vários países asiáticos morreram atingidas por desabamentos ou pela invasão das águas do mar.

O ritual do culto prosseguia normalmente e o sacrifício era oferecido pelos cultuantes. De repente, os galileus foram surpreendidos por Pilatos, o governador, que ordenou uma chacina. O sangue dos cultuantes e dos animais que eram sacrificados se misturam. Uma tragédia moral provocada pelo homem ocorreu.

Dezoito homens, em Jerusalém, são atingidos pela queda de uma torre e morrem. Esta tragédia é uma das muitas ocorridas de forma acidental. Por isso, há momentos na vida em que surgem questionamentos sobre a possibilidade de pessoas estarem em lugares errados, na hora errada e morrem acidentalmente.

As duas histórias bíblicas não tiveram a cobertura da mídia, como aconteceu com a tragédia do tsunâmi. Os evangelistas Mateus, Marcos e João não comentam o ocorrido, somente o evangelista Lucas, no capítulo 13, registra o fato e suas interpretações.

Os contemporâneos de Jesus e pessoas dos dias atuais questionam: os que morrem em tragédias são mais pecadores do que toda a humanidade? Se não são, por que morreram assim? O que havia de errado ou qual era o pecado que estava escondido na vida dessas pessoas? Jesus ensina quatro princípios, em Lucas 13, para entendermos essas questões.

O homem é o maior causador
de tragédias no mundo

Podemos classificar as tragédias em duas categorias. As morais e as acidentais. As morais partem da ação deliberada do homem. As acidentais ocorrem por fenômenos da natureza ou acidentes alheios à vontade humana.

Os poderosos deste mundo já provocaram enormes tragédias. Faraó, tirano do antigo Egito, provocou a morte por afogamento de todos os filhos do sexo masculino, nascidos dos escravos judeus. Herodes, o sanguinário, ordenou a morte a todos os meninos de dois anos para baixo, simplesmente para eliminar um possível concorrente ao trono, Jesus.

Pilatos, governador romano, provocou a chacina dos que cultuavam, indefesos adoradores foram trucidados. Recentemente, Osama bin Laden estabeleceu um quadro de terror, ao derrubar as torres gêmeas. O episódio da bomba atômica sobre Nagasaki e Hiroshima é uma marca na história das ações devastadoras do homem. Sim, o homem é o maior causador de tragédias. Mas, tudo o que o homem semear ele colherá.

As tragédias não provam
que os que nelas morrem
sejam mais culpados que os outros

Jesus ensina que o pecado é um mal universal, em Lucas 13: 3 e 5. Morrem em tragédias pessoas de bem e também pecadores corrompidos ao extremo, como os povos pré-diluvianos, em muita água, Gn 6: 17, e os moradores de Sodoma e Gomorra, em um fogo devastador, Gn 19: 24.

Em qualquer tragédia, a morte nunca deixou ninguém escapar. Independente dos diversos questionamentos humanos, morreram também justos e piedosos que não são culpados de vida profana e ímpia de muitas pessoas. Em todas as tragédias, a grande verdade é que somente no dia do juízo final é que ficará claro sobre quem viveu e morreu em pecado e quem teve uma vida na presença de Deus.

As tragédias mostram
a incerteza da vida humana

Em pleno local de culto ocorre uma chacina. Sobre 18 homens cai a torre. Tsunâmis matam muitas pessoas na Ásia. Não há lugar seguro. Quem poderá escapar da morte? Uma coisa é certa: a vida é breve!

Como será o amanhã de cada um. Entendo que só Deus tem a resposta. Em 4:14, o apóstolo Tiago afirma: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”.

Jesus sempre ensinou a necessidade de buscar o reino de Deus e sua justiça e se preparar para o dia do juízo, vivendo uma vida justa pela fé na palavra de Deus. O último inimigo a ser vencido é a morte.

A maior das tragédias
é morrer em pecado, sem salvação

Sem arrependimento, disse Jesus, todos perecerão. Indagado sobre o número dos que se salvarão, Jesus respondeu: “Porfiai por entrar pela porta estreita”, Lc 13: 24. Ilustrando este “porfiai”, Jesus falou sobre arrancar um olho, cortar uma das mãos, significando que o tratamento dado ao pecado deve ser radical. O arrependimento é a porta estreita.

Um pouco antes de expirar, um dos ladrões da cruz se arrependeu e foi para o céu com Jesus, Lc 23: 43. O outro, sem arrependimento, pereceu eternamente, Lc 23: 39. João 3: 16 diz que aquele que crer em Jesus será salvo e os que não crerem perecerão.

Morrer em uma tragédia não é o maior problema, pior é morrer em rebelião contra Deus, é ir para o túmulo sem ter aceitado a Cristo como salvador. Disse Jesus: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?”, Mt 16: 26. Li uma frase inteligente que explica muito bem essa questão: “Você pode até viver sem Jesus Cristo, horrível será morrer sem Ele”.

Conclusão

Quando ocorre uma tragédia, os homens são levados a refletir sobre a vida e a eternidade. Todavia, envolvidos com seus problemas pessoais e com os afazeres do dia-a-dia, que os comprimem, em breve se esquecem do ocorrido, perdendo-se o sentimento causado pela tragédia.

Sejamos prudentes e mudemos nossa conduta. As tragédias são avisos! Devemos meditar nelas com seriedade e buscar mais a Deus e seu plano de vida para nossa vida material e espiritual.

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Fonte: Jornal Aleluia de março de 2005.

Um olhar histórico sobre o avivamento – Outubro/2006

Uma abordagem sobre o avivamento,
vendo-o sob os ângulos bíblico
e histórico

O palpitante e amplo assunto do avivamento pode ser abordado sob os ângulos bíblico e histórico. Na forma bíblica, observamos, através dos relatos contidos no Antigo Testamento, em especial nos livros de Esdras, Neemias e Crônicas. Na forma histórica, vemos o avivamento nos movimentos do Espírito Santo na história da Igreja. Apreciemos com mais detalhes o avivamento sob seu ângulo histórico.

O Espírito Santo
é dominante no ministério

Tive a oportunidade de estar em um dos encontros promovidos pelo movimento “Os puritanos”. Ouvi um crente muito piedoso orar por avivamento, usando a seguinte expressão: “Oh! Deus, tenho saudade do que nunca conheci. Dá-me avivamento!”. Este desejo pela presença viva de Deus no meio de seu povo é a tônica da oração por avivamento.

Na história da Igreja, um dos mais influentes avivalistas foi Jonathan Edwards (1703-1758). O Dr. Martyn Lloyd-Jones escreveu um livro sobre esse avivalista, onde aprendemos um pouco de sua história. Tinha mente muito curiosa e ativa. Era um pregador de estilo direto e vivo. E livre daquilo que se pode denominar “escolasticismo”.

O elemento do Espírito Santo era dominante em seu ministério. Acreditava numa direta e imediata influência do Espírito Santo e numa conversão súbita e dramática. Calvinista e congregacionalista. Opunha-se ao hipercalvinismo e, igualmente, se opunha ao arminianismo.

A parceria
entre Deus e o homem

Este equilíbrio em seu ensino e em sua posição é demonstrado na seguinte afirmação: “Na graça eficaz não somos meramente passivos, nem ainda Deus faz um pouco e nós fazemos o restante. Mas Deus faz tudo, e nós fazemos tudo. Deus produz tudo, e nós agimos em tudo. Pois é isso que Ele produz, isto é, os nossos atos. Deus é o único verdadeiro autor e a única verdadeira fonte; nós somos tão-somente os verdadeiros agentes. Somos, em diferentes aspectos, totalmente passivos e totalmente ativos”.

Edwards era um grande defensor da conversão das crianças e dava grande atenção a elas. Permitia até que tivessem suas próprias reuniões. Dava grande ênfase aos elementos morais e éticos da fé e vida cristã. Ele entrou em cena depois de um período de considerável falta de vida nas Igrejas.

Um dos ministros daquele tempo descreve a época imediatamente anterior ao avivamento: “Mas que época morta e estéril tem sido a atual. As chuvas de ouro foram retidas; as influências do Espírito foram suspensas; e a consequência foi que o evangelho não teve nenhum sucesso eminente. As conversões têm sido raras e duvidosas; poucos filhos e filhas têm nascido de Deus, e os corações dos cristãos já não são tão cheios de vida, calor e vigor sob as ordenanças como eram. Esse tem sido o triste estado da religião entre nós nesta terra, por muitos anos”.

Nesta época havia raras igrejas cheias de vida espiritual. A Igreja estava em condição de inanição. Todavia aconteceu algo novo. Após a seca, chuvas abundantes; a vida começou a manifestar-se mais uma vez. O avivamento afetou positivamente a vida da América de modo profundo durante pelo menos 100 anos e, de fato, até hoje.

O famoso sermão de Edwards “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado” tem sido muito comentado. Este famoso sermão foi proclamado não no estilo de um pregador bombástico e sim de um fiel ministro que expõe a palavra de Deus. Lendo-o, vemos que era puro argumento com as palavras das Escrituras. Não era o que Edwards dizia; era o que as Escrituras diziam. E ele achava que era seu dever advertir às pessoas. Alguns o criticam outros o admiram.

Edwards cria que a Bíblia diz coisas terríveis sobre quem morre em seus pecados. Um dos segredos deste homem é que o espiritual dominava o intelectual. Ele foi preeminentemente um pregador, evangelista e mestre.

Um homem de Deus
tem experiências para testemunhar

Edwards pregava que a religião é algo essencialmente experimental, prático. Um encontro existencial com Deus. Isto fica claro no famoso relato que faz de uma experiência que teve: “Uma vez, quando cavalgava nas matas pela minha saúde, em 1737, tendo apeado do meu cavalo num lugar retirado, como tem sido o meu costume comumente, para buscar contemplação divina e oração, tive uma visão, para mim extraordinária, da glória do Filho de Deus, como Mediador entre Deus e o homem, e a sua Maravilhosa, grande, plena, pura e suave graça e amor, e o Seu terno e gentil amparo. Esta graça que parecia tão calma e suave parecia também grande, acima dos céus.

A Pessoa de Cristo parecia inefavelmente excelente, com uma excelência bastante grande para absorver todo o pensamento e concepção o que continuou, quanto posso julgar, cerca de uma hora; o que me manteve a maior parte do tempo num mar de lágrimas, e chorando em voz alta. Senti uma ardência na alma, anseio por seu ser, o que não sei expressar doutro modo, esvaziado e aniquilado; jazer no pó e encher-me unicamente de Cristo; amá-lo com amor santo e puro; confiar nele; viver dele; servi-lo e segui-lo; e ser perfeitamente santificado e tornado puro, com uma pureza divina e celestial. Várias outras vezes tive visões da mesma natureza, as quais tiveram os mesmos efeitos.”

“Tendo tido muitas vezes uma percepção da glória da terceira Pessoa da Trindade, e do Seu ofício como santificador; em suas Santas operações, comunicando luz e vida divina à alma. Deus, nas comunicações do Seu Santo Espírito, tem parecido uma infinita fonte de divina glória e dulçor; estando cheio e sendo suficiente para encher e satisfazer a alma; derramando-se em secretas comunicações; como o sol em sua glória, difundindo suave e agradável luz e vida. E às vezes eu tenho uma comovente percepção da excelência da palavra de Deus como palavra da vida; como a luz da vida; uma suave, excelente palavra que dá vida; acompanhada de uma sede dessa palavra, para que ela habite ricamente em meu coração” (Martin Lloyd-Jones. Jonathan Edwards e a crucial importância de avivamento. pp. 15 e 16). Isso é avivamento.

Conclusão

A IPRB nasceu de avivamento. Desejosa de avivamento, cresceu no avivamento. E a Igreja Renovada está sempre se renovando, sempre se avivando. Que esse seja o nosso perene lema. A Palavra de Deus e a história corroboram a oração de Habacuque: “Deus renova seu povo no meio dos anos”.

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Fonte: Jornal Aleluia de outubro de 2006