Pr. Jonathan Ferreira dos Santos – Outubro/2002

Um dos líderes do movimento de renovação
instaurado na década de 60, do século XX
Um dos fundadores da Igreja Cristã Presbiteriana
Fundador e diretor do Instituto Bíblico de Cianorte, atualmente Seminário Presbiteriano Renovado
Fundador e Diretor da Missão Antioquia

Pr. Rubens Paes e Pr. Francisco Barretos

Origem e preparo teológico

A origem do pastor Jonathan é muito humilde. Tendo nascido em uma família pobre, começou a trabalhar cedo. Ainda criança, vendia frutas para ajudar no orçamento da família. Só aos sete anos de idade é que ganhou seu primeiro par de sapatos.

Contudo, as dificuldades financeiras não foram empecilho à vocação divina. Jonathan Ferreira dos Santos formou-se no Seminário Presbiteriano de Campinas, instituição de renome no meio evangélico brasileiro. Após sua graduação, a Junta de Missões Nacionais da Igreja Presbiteriana do Brasil colocou diante dele três opções: Porto Alegre, RS; Dracena, SP, e Cianorte, PR. Após orar, deixou a decisão para a própria Junta. Como não havia ninguém disposto a ir para Cianorte, esse foi o campo que lhe designaram.

Em janeiro de 1962, o Pr. Jonathan e D. Euza dirigiram-se a Cianorte. As estradas eram ruins, não havia asfalto, as travessias dos rios eram feitas em balsas. Sua esposa deixara um excelente emprego. D. Euza, pessoa fina e requintada, sofreu com as dificuldades que havia na Cianorte dos anos 60. Mas Deus abriu as portas e foi suprindo as necessidades. Poucos meses depois que o casal havia chegado à cidade, D. Euza foi nomeada diretora da única escola que havia em Cianorte.

Devido à sua formação teológica, resistia a princípio as idéias pentecostais. Mas participou de um encontro de avivamento em Belo Horizonte, dirigido pelo pastor Eneias Tognini, e ali foi batizado com o Espírito Santo. Seu ministério tomou uma nova direção.

Fundação do Instituto Bíblico

Em 12 de agosto de 1965, o pastor Jonathan fundou o Instituto Bíblico Presbiteriano de Cianorte. Funcionava inicialmente nas dependências da Igreja Presbiteriana, à rua Porto Seguro. “Era um instituto que não tinha prédio, nem professores, mas tinha alunos”, brinca o pastor Jonathan.

Contudo, aquele projeto estava no coração de Deus. Em janeiro de 1966, o pastor Jonathan recebeu a doação de uma quadra inteira para lá instalar o Instituto Bíblico. Vieram alunos dos estados de Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e de muitos outros lugares do Brasil. Os anos de 1966 a 1976 foram marcados pelas mais poderosas manifestações de Deus, relata o Pr. Jonathan.

O Pr. Adolfo Neves foi aluno do Instituto nos anos de 1968 a 1971. Naquela época o número de alunos chegou a 120. Segundo ele, o trabalho do pastor Jonathan foi marcado pela coragem e pela determinação.

Também o pastor Lauro Celso de Souza conheceu o pastor Jonathan na década de 1960. Oraram juntos muitas vezes, fizeram diversas vigílias e viagens. Numa frase de rara inspiração, disse o pastor Lauro: “Tive e tenho o pastor Jonathan como ministro referencial do Evangelho de Jesus Cristo”.

Em 1976, o pastor Jonathan saiu de Cianorte e foi para Londrina. Depois, foi para São Paulo. Há diversos anos, dirige a Missão Antioquia, sediada no Vale da Bênção, em Araçariguama, SP. Lá é feito um trabalho assistencial em que se cuida de 400 crianças. A Missão Antioquia tem mais de 100 missionários em 20 países. A visão que deu à luz a Missão Antioquia nasceu em reuniões de oração realizadas no Instituto Bíblico de Cianorte.

Diretores do Seminário de Cianorte

Desde o ano 2000, o Seminário de Cianorte está sob a direção do pastor Esdras Mendes Linhares. Foram diretores desta instituição: Jonathan Ferreira dos Santos, Décio de Azevedo, Enoque Pereira Borges, Joel Ribeiro de Camargo, Palmiro Francisco de Andrade, José Sidney Dantas, Altair do Carmo Mateus Nunes e Joel de Campos Perroud.
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Fonte: Jornal Aleluia de outubro de 2002

Complemento
Falece a esposa, dona Eusa

Depois de longos dez anos de luta contra enfermidade pertinaz,
a irmã Eusa, esposa do Pr. Jonathan F. dos Santos,
faleceu, no dia 25/02/2011, aos 77 anos.

EBD: formando pessoas para a vida – Fevereiro/2003

A Escola Bíblica Dominical, instrumento fundamental
da educação cristã, na Igreja precisa ser vista como ministério indispensável em razão da qualidade do ensino
que oferece com continuidade, profundidade e formação ética

Afirma-se, entre os pastores, que há igrejas
que são ótimas parteiras, mas péssimas babás;
outras são ótimas babás, mas péssimas parteiras.

Querem dizer que há igrejas que desenvolvem ótimo evangelismo,
mas não cuidam de suas novas ovelhas e elas se perdem.
Existem aquelas que acompanham o novo convertido
até a maturidade cristã, mas não usam
ou não têm métodos de crescimento.

Nesse contexto, é que entra o papel da educação cristã, área da igreja que visa desenvolver um trabalho de babá com aqueles que nasceram no reino do Deus. Para tanto, as igrejas e pastores precisam superar vários desafios.

Desafios de formar educadores

A educação cristã na Igreja precisa ser vista como ministério e o educador cristão como ministro, Ef 4: 11. Com isso, teremos mais pessoas com formação nessa área atuando dentro da Igreja e pessoas da Igreja atuando na rede educacional secular. Assim como há investimento na formação teológica de um pastor, precisa haver também na formação educacional da pessoa que tem um chamado de Deus para esse ministério. Pode ser um curso de graduação, especialização, mestrado e até doutorado.

Valor do ensino – Conceitos errados levam a resultados desastrosos. Por isso é importante reavaliar que tipo de pensamento está dirigindo as práticas educativas dos responsáveis por essa área na igreja. À vezes temos professores, mas nem sempre educadores. O educador tem algo a dizer, sabe o que está dizendo e por que está dizendo. Se os resultados não estão sendo os esperados, existem mudanças a serem feitas. E tudo começa com a contextualização do conceito de educação cristã.

Que é educação cristã – A palavra educação vem do latim ducare que significa guiar, conduzir; e o prefixo e, significando para fora. Assim, educação pode ser entendida como a atividade de conduzir para fora. No Novo Testamento, o vocábulo khristianós refere-se aos cristãos, ou seja, as pessoas que praticam os ensinamentos de Cristo. Dessa forma, podemos pensar em educação cristã como um conjunto de atividades que conduz as pessoas para fora do reino das trevas e as ensina e capacita a viverem de acordo com os princípios de Jesus Cristo.

Papel da educação cristã – O neoconverso tem uma história de vida e conceitos adquiridos no decorrer de sua existência que precisam ser trabalhados. Para ele, é um momento de intensa luta e de dúvidas. Cabe à Igreja, através dos meios de instrução, ajudá-lo a entender o que está acontecendo. Ele está assimilando idéias bíblicas à sua maneira e é nessa fase que certos conceitos precisam ser corrigidos ou ampliados. Porém, para isso, é necessário superar o costume de fazer educação cristã de qualquer maneira. É preciso saber para onde se está direcionando o educando.

Desafios de educar para tempos como este

Desde os seus primórdios, a comunidade cristã percebeu que seu propósito educacional era a promoção da fé cristã vivenciada. Porque o maior problema da humanidade nunca foi o ateísmo, mas a idolatria nos aspectos econômico, social, político, cultural e religioso.

A sociedade atual – Os últimos cinco séculos se caracterizaram pela modernização da vida através das ciências, da invenção, da técnica, do forte uso da razão, do pensamento reflexivo e crítico, com resultados, sobretudo, na área econômica permitindo mais controle sobre a vida, maior bem-estar, maiores facilidades e meios para viver bem.

O ser humano atual – Isso produziu uma sociedade moderna, com pessoas que querem ser modernas, ou seja, que têm pensamento próprio, crítico e livre, que conhecem cientificamente muitas coisas, que têm comportamentos novos, sobretudo em relação à família, ao trabalho e à espiritualidade, que são mais livres, mais individualizadas. Esse é o mundo que está desafiando o educador cristão.

Numa época em que o visual predomina, é muito importante pensar nos recursos técnicos do ensino. É fundamental considerar-se o valor do material de apoio escrito (as revistas de EBD) que devem estar nas mãos dos alunos.

Investindo em pessoas – O cristão não deve se conformar com esse século, mas ser transformado pela renovação da mente, Rm 12: 2. Ao formar um novo crente, desde a criança até o adulto, o educador cristão deve encarar o desafio de ser e produzir cristãos para tempo como este. Não é errado cursar uma faculdade nessa área para atuar dentro ou fora da igreja. Pelo contrário, com maior conhecimento, produzirá melhores resultados. Por isso, invista em você mesmo.

Desafios de formar cristãos

Nas igrejas evangélicas, o púlpito é o centro da educação cristã. É através dele que o pastor imprime à igreja a linha espiritual que o trabalho precisa. Mas, convenhamos: por causa da distância, da falta de diálogo, da formalidade, o púlpito nem sempre responde a todas as necessidades imediatas de cada pessoa que entra no templo. Por isso, a Igreja precisa ter outros mecanismos de educação cristã, para atender às várias faixas etárias.

Consolidação – Após a decisão (ou a conversão), são dadas as primeiras instruções e procura-se ver quais são as principais necessidades espirituais do novo convertido. Por isso, é importante se fazer isso com o mais profundo amor e segurança.

Discipulado – Não basta apenas ganhar pessoas para Cristo. É preciso capacitá-las a viver como cristãos. Discipular é conseguir que o novo convertido firme seus passos nos ensinos de Jesus, de tal maneira que haja mudança de vida e se envolva nas atividades da igreja. Antes do batismo, todo neoconverso deve fazer um curso preparatório e, após o batismo, um curso de discipulado.

A Escola Bíblica – A EBD tem a vantagem da continuidade e profundidade. O educador cristão precisa transmitir, formar e construir valores perenes para a vida cristã e secular. Para tanto, a escola bíblica dominical é fundamental para formar o caráter e os conceitos bíblicos de seus participantes.

Cursos e palestras – Alguns temas específicos, tanto na área administrativa, pessoal ou doutrinária, são mais bem assimilados quando ensinados em momentos especiais e para um grupo seleto. Para tanto, é necessário investimento. Encontros, seminários, acampamentos, cursos rápidos proporcionam esses treinamentos e ampliam a visão dos membros da Igreja.

Formar liderança – Explorar o potencial criativo de cada indivíduo é um meio para que o educando tenha prazer em compreender, conhecer e descobrir a vida cristã. Isso produzirá pessoas desejosas de serem treinadas para trabalhar nos departamentos internos ou no evangelismo. É por isso que uma escola para formação de liderança dentro da igreja é fundamental. Mas quem cursar essa escola, jamais deve deixar de ser aluno da EBD.

Conclusão

Um grande desafio para 2003 é fazer com que as pessoas que aceitaram a Cristo cresçam na fé, permaneçam fiéis a Ele, não abandonando sua igreja. Se forem bem consolidadas, treinadas e enviadas darão muitos frutos no reino de Deus. Por isso, na área educacional, a palavra cristã incita essa atividade a enriquecer-se pela teologia e pelo estudo da Bíblia.

Assumam uma prática educativa que enfatize:

1 – O pleno desenvolvimento de seus educandos em sua vida pessoal, social, política e espiritual;

2 – O esforço de desenvolver uma ação educativa em que o evangelho seja vivido na realidade atual da sociedade;

3 – O processo de contínua aprendizagem da verdade libertadora, rumo à maturidade cristã;

4 – O diálogo permanente entre educador e educando na busca da compreensão da verdade bíblica;

5 – O trabalho eclesiástico com participação ativa e criativa de todos;

6 – A unção do Espírito Santo como meio de convencimento da verdade cristã.

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Fonte: Jornal Aleluia de fevereiro de 2003