A IGREJA RASANTE

A IGREJA RASANTE 

Há algum tempo, no interior do Estado de Minas Gerais, o piloto de um pequeno avião, que levava consigo um cameraman com a incumbência de filmar uma festa popular, resolveu, não sabemos por que razão, dar um voo rasante. O resultado desse aventuroso voo foi uma trombada com um poste da rede elétrica que matou várias pessoas e feriu outras, além de um “belo” inquérito policial para apurar as responsabilidades, sem levar em conta o prejuízo da destruição do avião.

A igreja de hoje preocupa pela sua forma rasante de ser; parece que está muito ligada a valores terrenos, esquecendo-se dos valores celestiais que lhe deram origem. Pensando sobre isso, entendemos que alguns fatores têm caracterizado a forma rasante de ser de muitas igrejas de hoje.

Perda da voz profética, Ez 3: 17; Jr 6: 27

“Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte”. A principal função do atalaia era avisar e advertir o povo quanto ao perigo iminente. Percebemos que, na ânsia de crescer, há muitos grupos cristãos que estão mais preocupados em agradar aos homens do que em proclamar o Evangelho integral.

A Igreja não pode perder de vista a missão de tocar a trombeta contra a corrupção, injustiças, opressão, falsidade, enfim contra todo o tipo de pecado. Jesus foi um autêntico atalaia, Mt 24. Não podemos nos dobrar diante da voz do deus deste mundo.

Teologia de balcão, At 8: 18-20 e At 15: 1-29

“Vendo, porém Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro…”. Estamos no tempo da prática de teologias de observação rasa, sem consistência. As igrejas de hoje têm sido abaladas por um tremendo volume de idéias e práticas oriundas de observação superficial, sem o necessário embasamento bíblico. Isso tem produzido muitos cristãos sem compromisso com Deus e com Sua missão na Terra.

Simão, o mágico, ao observar que, através da imposição das mãos de Pedro, o Espírito Santo era concedido às pessoas, num passe de mágica desenvolveu sua “Teologia de Balcão”. Não percebeu as implicações necessárias para que houvesse aquelas manifestações genuínas do poder de Deus.

Simão tentou usar um princípio pagão para alcançar privilégios espirituais. Este é apenas um exemplo, mas há uma gama enorme de idéias humanas e pagãs inseridas e aceitas como práticas cristãs. Esta “teologia” quase sempre é produzida por mentes nervosas, achando que evangelho é “negócio”; é fruto de mentes dissociadas da realidade e vazias da revelação divina.

A verdadeira teologia é aquela que resulta de um coração nascido de novo e está atrelada a uma experiência real e contínua com Cristo. Mas a falsa teologia é fruto de mera reflexão humana e de uma prática espiritual irrefletida, como no caso dos filhos de Ceva que, mesmo usando o nome de Jesus, tiveram de fugir desnudos e feridos, por exercerem práticas espirituais sem conteúdo, At 19: 13-17.

O estacionamento da cruz, Mc 8: 34-38

Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a vida por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á”, Mc 8: 35. A cruz é o símbolo que evidencia a religião cristã. A mensagem do Cristianismo sempre esteve atrelada à cruz, porque Jesus, o Salvador, foi condenado a morrer numa cruz. O termo “cristão” significa “ser parecido com Cristo”, ou seja, andar como Ele andou, viver como Ele viveu e, se necessário, morrer como Ele morreu. Jesus nos convida para uma vida prazerosa, mas sacrificial; abundante, mas sofrida. No versículo acima citado, quem perde ganha, e quem ganha perde.

Ao chegar a nossa igreja atrasado, no domingo à noite, não é fácil encontrar lugar para estacionar, devido ao grande número de carros e à falta de espaço. Mas ao final do culto, o problema deixa de existir porque cada um toma o seu carro e vai para casa, deixando o estacionamento vazio.

Já quanto ao compromisso de carregar a cruz, parece acontecer o contrário. Enquanto o culto é realizado, o carro fica no estacionamento e muitos crentes carregam a cruz. Findo o culto, deixam a cruz de Cristo no estacionamento ao entrarem no carro, vindo a retomá-la somente no próximo domingo – e olha lá…

Estes cristãos só podem ser identificados durante o culto e nunca na vida diária, o que é uma pena. O correto é assumir a postura de Paulo, que disse: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”, Gl 2: 19-20.

O evolucionismo cristão, Ml 3: 6 e Mt 24: 35

“Por que Eu, o Senhor, não mudo.”. É perfeitamente cabível que haja mudanças orgânicas, diaconais e conceituais no andar da carruagem da Igreja rumo à Canaã Celestial, mas desde que sejam mudanças que tenham por objetivo recuperar a integralidade da intenção de Deus para Sua igreja. Quaisquer outras mudanças implicarão em sérios prejuízos.

Quando ouvimos falar da Teoria da Evolução, de Charles Darwin, ficamos profundamente tristes e não temos dúvidas em afirmar que ela se constitui num delírio forjado na mente de um homem sem Deus. É uma invenção sem cabimento esta estória de evolução das espécies. Mas, infelizmente, temos assistido a uma outra evolução, ou seja, a “evolução” do Cristianismo, que muitos têm aplaudido de pé.

O trágico nisso tudo é que Darwin escreveu uma teoria sobre a evolução. Portanto, cada um é livre para acreditar se quiser, pois é simplesmente uma teoria, onde ele propõe idéias baseadas em hipóteses. Contudo, o Cristianismo, que não é uma teoria, vem evoluindo inexplicavelmente.

Ao olharmos o Cristianismo pregado no NT e vivido pela Igreja Primitiva e compará-lo, historicamente, com a fé cristã até os nossos dias veremos diferenças radicais, ressalvadas as exceções históricas produzidas por avivamentos genuínos, que trouxeram de volta a disposição para o martírio, a comunhão de bens, a despreocupação denominacional, a exaltação de Jesus, o discipulado, milagres em série, enfim a atuação inconteste do Espírito Santo – uma espécie de continuação dos Atos dos Apóstolos.

A Palavra de Deus está completa, Ap 22: 18-19, e por isso não dá para entender por que muitos usam a Bíblia como se fosse um livro de receitas culinárias. Na medida em que são experimentados os vários tipos de comida, vão mudando para outras receitas e até inventando outras com base nas que já existem. O interessante é que saboreiam demais uma receita e desprezam outras necessariamente vitais, produzindo assim um Cristianismo diferente em cada época e descompromissado com a intenção original de Deus.

Conclusão

A Igreja foi vocacionada para voar nas alturas, pois o apóstolo Paulo afirma categoricamente que Deus Pai “nos tem abençoado com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”, Ef 1: 3. Desta forma, a missão da igreja deve ser a de buscar as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus, Cl 3: 1b. A Igreja do Senhor não pode se aventurar a viver rasantemente.

 

Pr. Roberto Braz do Nascimento

IPR Central de Arapongas, PR

Presidente do PRESNORP

O valor das metas no ministério cristão – Abril/2004

Mais do que nunca,
os cristãos estão conscientes
da necessidade de sonhar
e estabelecer metas para criar projetos ousados

Esta é uma mudança importante no comportamento da igreja cristã da atualidade que, em muitos de seus segmentos, vivia uma crise de objetividade e dominada por uma nostalgia infrutífera. No entanto, vemos muita gente sonhando alto e, às vezes, sem ter a mínima noção de como chegar ao sonho proposto no coração. Sonhar é preciso. Sem sonhos começamos a morrer ou vivemos para cumprir os sonhos de outrem.

Deus sonhou em resgatar a humanidade e elaborou um plano para concretizar esse sonho maravilhoso. Com certeza, Deus pensou na maravilhosa bênção de voltar a ter o ser humano restaurado ao seu estado original, uma vez que o pecado tornou o homem um ser maldoso e distante do seu Criador. Mas Deus sabia que isto lhe custaria muito caro e custou nada mais que a vida do seu próprio Filho. Por isso, teve de idealizar uma estratégia para alcançar esse objetivo. A essa estratégia, que é um conjunto de ações e atitudes práticas e sequenciais para alcançar o objetivo, chamamos de metas.

O ponto-chave para a realização de um ministério de sucesso passa necessariamente pela obtenção de uma visão clara e divina daquilo que queremos, pela encarnação dessa visão, tornando-a missão de vida, e pelo estabelecimento de metas para otimizar esta visão para não se perder na caminhada ministerial. Um ministro do Evangelho precisa trabalhar dentro de uma visão clara. Todo líder precisa saber que a visão é o fundamento de toda tarefa em liderança. A visão exige ação e dedicação. Chamamos isso de missão. Contudo, uma missão só pode ser realizada através do estabelecimento de metas. Sua visão de ministério não será realizada a não ser através de um ousado conjunto de metas.

Henry Kaiser disse: “Defina claramente o que você quer mais que qualquer outra coisa na vida; registre os meios pelos quais você pretende consegui-lo e não permita que nada, seja lá o que for, o impeça de alcançar essa meta.”

Exemplos bíblicos

Na Bíblia encontramos exemplos claros de como Deus leva a sério esse assunto. A começar em Gênesis, nos deparamos com o chamado de Deus para Noé livrar a raça humana do extermínio. Nesse episódio Deus revelou a Noé o seu plano de preservá-lo juntamente com sua família e, ao mesmo tempo, destruir a raça humana através do dilúvio. Veja que Deus deu a visão, que se tornou a missão de sua vida, mas a realização desta missão foi levada a cabo através de um plano de metas bem rígido e sequencial, estabelecido pelo próprio Deus, antes de qualquer coisa, Gn 6: 13-22.

Outro texto que me impressiona muito acerca desse assunto é o de 1Sm 15: 1-35. Nessa passagem, vemos Deus ordenando a Saul, rei de Israel, através de Samuel, a destruição dos amalequitas. Veja a ordem: “Vai, pois, pois agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até a mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas e desde os camelos até aos jumentos”. Infelizmente Saul, ao invés de cumprir as metas de acordo com a visão que Deus lhe dera, fez do seu próprio jeito.

No primeiro texto vimos que Noé cumpriu as metas estabelecidas por Deus: construiu a arca, colocou os animais dentro dela literalmente como Deus lhe ordenara e teve seu nome eternizado como um líder fiel e vitorioso.

Já no segundo exemplo, Saul não levou muito a sério a realização de sua tarefa ministerial de acordo com um plano de metas baseado na visão que Deus lhe dera, que era a de destruir completamente os amalequitas.

Isso lhe custou o reinado e o seu nome passou para a história como um dos líderes bíblicos derrotados por infidelidade e incapacidade de dar conta da responsabilidade que recebera de Deus. Veja a importância das metas no ministério cristão.

As metas nos desafiam

Ninguém sobrevive sem desafios novos e interessantes. Desde a infância somos movidos por desafios: aprender a falar, andar, escrever, etc… Na vida temos de estabelecer metas para alcançarmos nossos sonhos. Caso contrário, nossos sonhos acabarão se tornando pesadelos, uma vez que os sonhos não se realizam sem trabalho e esforço. Todo esforço e trabalho sem etapas mensuráveis não produzem os efeitos desejáveis. As metas podem produzir uma atmosfera propícia para suportarmos a espera de uma conquista.

Veja que Noé trabalhou mais de cem anos motivado pela salvação de sua vida e de sua família na construção da arca, Hb 11: 7. Jesus viveu como homem, mesmo sendo Deus, por 33 anos e meio, motivado pela salvação da humanidade, Fp 2:6-11. Leia esse texto. Cada ministro tem no reino de Deus uma missão, que é a de fazer outros discípulos, e deve desenvolver o ministério para o qual foi chamado dentro da visão recebida de Deus. Isso certamente nos desafia a estabelecer metas.

Jesus enfrentou a cruz porque essa era uma das metas estabelecidas em seu ministério. Foi um desafio grandioso, mas ele o fez, porque fazia parte de um todo que o levaria ao status de Salvador do mundo de acordo com o plano geral do Pai, que Ele mesmo havia aceitado por amor do seu Santo Nome e também por amor à humanidade.

A realização de metas nos consolida
como líderes (1Sm 15: 22)

Saul não foi consolidado como um rei de sucesso porque vacilou na hora de cumprir as metas estabelecidas por Deus através de seu líder espiritual que era Samuel. Cada pessoa que deseja tornar-se um líder de sucesso tem de cumprir suas metas na igreja. Na vida, de um modo em geral, só conseguimos êxito quando alcançamos nossos alvos. Cada área da nossa vida tem de ser consolidada por metas alcançadas. Estabeleça suas metas na sua vida espiritual, familiar, material e pessoal e lute porque o seu sucesso depende de sua capacidade de perseguir as metas. Ouça o seu líder e seja fiel a ele. Não seja como Saul, que ignorou Samuel e fez as coisas do seu jeito.

A prática das metas treina nossa obediência: “Eis que o obedecer é melhor que do que o sacrificar.” Por causa do tempo em que vivemos no mundo sem Jesus, não estamos preparados para a obediência. Por isso as metas nos ajudam a treinar esse aspecto da nossa conduta diante de Deus. Sem obediência não alcançaremos êxito na vida. A obediência aos pais, aos discipuladores, aos pastores e principalmente a Deus é indispensável. Temos de aprender a fazer as coisas do jeito de Deus. Não basta fazer! Há pessoas que acham que o importante é unicamente fazer, mas a Bíblia nos mostra que o importante é fazer como Deus deseja.

As metas curam o caráter,
afiando nossas capacidades

As pessoas resistem às metas porque não são treinadas para receber ordens e não gostam disso. Sentem-se ofendidas, manipuladas e ameaçadas. Duas palavras que mais ouvimos recentemente são “alvo” e “metas”. Ficar ouvindo alguém nos pedir as metas não é nada confortante para nós, pois elas nos assustam. Mas ninguém pode dizer que, por causa do estabelecimento de metas, sua vida ficará mais difícil ou mais pobre ou não conseguirá realizar os seus sonhos. Pelo contrário, há os que nem sonham! A visão que nos leva a uma missão e ao estabelecimento de metas despertará sonhos de ganhar vidas, de nos encontrarmos e de termos um ministério pautado em ações específicas que tragam resultados.

Nosso medo das metas vem da referência negativa que temos na nossa tradição cristã baseada numa igreja onde o trabalho era feito por poucos e apreciado e criticado por muitos. Leia Hb 5: 8; Mt 9: 13; Ec 10: 10; 2Tm 2: 15.

As metas dão objetividade ao ministério

Um ministro não pode perder tempo com coisas supérfluas, nem tampouco perder tempo realizando aquilo que, embora seja bom, não faça parte da sua visão de ministério. Há muita coisa boa sendo desenvolvida no mundo cristão, mas nem todas têm relação com a minha visão ministerial. E minha missão não é fazer tudo aquilo que é bom, mas aquilo que Deus preparou para mim. Nesse caso as metas nos ajudam muito porque elas nos tiram do ativismo e nos colocam nos trilhos da visão de Deus pra nós.

Jesus realizou seu ministério baseado numa visão clara revelada nos profetas. Encarnou sua missão de forma radical, mas com metas objetivas. Em Mc 1: 38 Jesus, que já havia curado muita gente no dia anterior, se recusa a ter sua agenda imposta pelo povo ou pelas circunstâncias daquele momento. A multidão queria que Jesus continuasse por ali para curar os demais enfermos daquelas cercanias que estavam vindo até ele. Mas ele disse: “Vamos às aldeias vizinhas, para que ali eu também pregue, porque para isso vim.”

Isso deixa claro que o ministério cristão precisa de objetividade e não somente de ser preenchido com muitas atividades, por melhor ou mais interessantes que sejam.

Princípios para o estabelecimento de metas

A mensurabilidade – Nunca se deve estabelecer uma meta que não possa ser medida. Exemplo: “minha meta é ganhar Arapongas para Jesus”. Essa é uma visão, um sonho, e não uma meta. “Vamos treinar 500 líderes em 3 anos para evangelizar Arapongas”. Isso é uma meta mensurável. Cada meta é parte de todo um sistema de metas com a finalidade de cumprir a visão.

A organização – Quando estabelecemos metas, somos forçados a organizá-las dentro de uma ordem de prioridades para que não haja conflito de metas ou duplicação de esforços. Sem organização é impossível alcançar sucesso. As pessoas envolvidas na visão de uma igreja ou ministério precisam saber o que elas devem fazer, como e quando. O ministro cristão deve saber organizar-se e distribuir as tarefas de acordo com as aptidões, a visão em execução e os apelos da Palavra de Deus. Aprenda a separar as metas organizadamente: estilo de vida pessoal, atividades sociais, metas financeiras, metas de família, etc. Uma forma correta de organizar metas é escrevê-las e treinar as pessoas; no caso de metas pessoais, lê-las com frequência e fazer avaliações periódicas.

Separar as metas permanentes das temporais – As metas são muitas e precisamos aprender a separar as temporais das permanentes para não nos perdermos e ficarmos concentrados em um tipo só de meta, amargando o prejuízo da perda do foco ou visão. Exemplo: orar uma hora por dia deve ser uma meta permanente, porém evangelizar dois jovens no centro da cidade por semana não. A oração deve ser permanente: nunca devemos parar de orar; contudo evangelizar os jovens não. As metas podem mudar, mesmo porque elas são muitas numa visão ministerial. Temos de estar atentos para modificarmos as metas assim que as situações exigirem.

O princípio do realismo – Há muito exagero por aí. Os líderes nem sempre olham para a realidade que os cerca e isso é um perigo muito grande que pode render frustração e fracasso. Por exemplo, um seminarista de 2° ano num curso de quatro anos não pode estabelecer a meta de ser diretor do seminário em um ano. Mas, se ele estabelecer a meta de alcançar esse objetivo em 20 anos, isso fica mais realista. O ministério não suporta mágica. Ele é feito por homens e mulheres de visão, mas também por pessoas que sabem discernir seu potencial sem subestimá-lo nem superestimá-lo.

Conclusão

O desejo de Deus é que aprendamos a colocar em prática o propósito maravilhoso que Ele tem para as nossas vidas através de metas mensuráveis e não vivamos por aí fazendo as coisas de qualquer jeito, sem organização. Lute e descubra o que Deus tem pra você e estabeleça como você vai fazer cada coisa e quando vai fazer. Deus o abençoe e conte com a sabedoria e a unção do Espírito Santo.

O estabelecimento de metas é fruto de uma disciplina permanente. Não há como você elaborá-las de uma vez por todas. Seja um ministro de visão clara, apaixonado, a ponto de tornar sua visão na missão da sua vida. Seja capaz de estabelecer metas bem definidas e trabalhar focalizado nelas em todo o tempo.

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Fonte: Jornal Aleluia de abril de 2004

A Igreja rasante – Março/2001

A igreja de hoje preocupa
pela sua forma rasante de ser.
Parece que está muito ligada
a valores terrenos, esquecendo-se dos valores
celestiais que lhe deram origem

Há algum tempo, no interior do Estado de Minas Gerais, o piloto de um pequeno avião, que levava consigo um cameraman com a incumbência de filmar uma festa popular, resolveu, não sabemos por que razão, dar um voo rasante. O resultado desse aventuroso voo foi uma trombada com um poste da rede elétrica que matou várias pessoas e feriu outras, além de um “belo” inquérito policial para apurar as responsabilidades, sem levar em conta o prejuízo da destruição do avião.

A igreja de hoje preocupa pela sua forma rasante de ser; parece que está muito ligada a valores terrenos, esquecendo-se dos valores celestiais que lhe deram origem. Pensando sobre isso, entendemos que alguns fatores têm caracterizado a forma rasante de ser de muitas igrejas de hoje.

Perda da voz profética, Ez 3: 17; Jr 6: 27

“Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte”.

A principal função do atalaia era avisar e advertir o povo quanto ao perigo iminente. Percebemos que, na ânsia de crescer, há muitos grupos cristãos que estão mais preocupados em agradar aos homens do que em proclamar o Evangelho integral.

A Igreja não pode perder de vista a missão de tocar a trombeta contra a corrupção, injustiças, opressão, falsidade, enfim contra todo o tipo de pecado. Jesus foi um autêntico atalaia, Mt 24. Não podemos nos dobrar diante da voz do deus deste mundo.

Teologia de balcão, At 8: 18-20 e At 15: 1-29

“Vendo, porém Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro…”

Estamos no tempo da prática de teologias de observação rasa, sem consistência. As igrejas de hoje têm sido abaladas por um tremendo volume de idéias e práticas oriundas de observação superficial, sem o necessário embasamento bíblico. Isso tem produzido muitos cristãos sem compromisso com Deus e com Sua missão na Terra.

Simão, o mágico, ao observar que, através da imposição das mãos de Pedro, o Espírito Santo era concedido às pessoas, num passe de mágica desenvolveu sua “Teologia de Balcão”. Não percebeu as implicações necessárias para que houvesse aquelas manifestações genuínas do poder de Deus.

Simão tentou usar um princípio pagão para alcançar privilégios espirituais. Este é apenas um exemplo, mas há uma gama enorme de idéias humanas e pagãs inseridas e aceitas como práticas cristãs. Esta “teologia” quase sempre é produzida por mentes nervosas, achando que evangelho é “negócio”; é fruto de mentes dissociadas da realidade e vazias da revelação divina.

A verdadeira teologia é aquela que resulta de um coração nascido de novo e está atrelada a uma experiência real e contínua com Cristo. Mas a falsa teologia é fruto de mera reflexão humana e de uma prática espiritual irrefletida, como no caso dos filhos de Ceva que, mesmo usando o nome de Jesus, tiveram de fugir desnudos e feridos, por exercerem práticas espirituais sem conteúdo, At 19: 13-17.

O estacionamento da cruz, Mc 8: 34-38

“Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a vida por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á”, Mc 8: 35.

A cruz é o símbolo que evidencia a religião cristã. A mensagem do Cristianismo sempre esteve atrelada à cruz, porque Jesus, o Salvador, foi condenado a morrer numa cruz. O termo “cristão” significa “ser parecido com Cristo”, ou seja, andar como Ele andou, viver como Ele viveu e, se necessário, morrer como Ele morreu. Jesus nos convida para uma vida prazerosa, mas sacrificial; abundante, mas sofrida. No versículo acima citado, quem perde ganha, e quem ganha perde.

Ao chegar a nossa igreja atrasado, no domingo à noite, não é fácil encontrar lugar para estacionar, devido ao grande número de carros e à falta de espaço. Mas ao final do culto, o problema deixa de existir porque cada um toma o seu carro e vai para casa, deixando o estacionamento vazio.

Já quanto ao compromisso de carregar a cruz, parece acontecer o contrário. Enquanto o culto é realizado, o carro fica no estacionamento e muitos crentes carregam a cruz. Findo o culto, deixam a cruz de Cristo no estacionamento ao entrarem no carro, vindo a retomá-la somente no próximo domingo – e olha lá…

Estes cristãos só podem ser identificados durante o culto e nunca na vida diária, o que é uma pena. O correto é assumir a postura de Paulo, que disse: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”, Gl 2: 19-20.

O evolucionismo cristão, Ml 3: 6 e Mt 24: 35

“Por que Eu, o Senhor, não mudo.”

É perfeitamente cabível que haja mudanças orgânicas, diaconais e conceituais no andar da carruagem da Igreja rumo à Canaã Celestial, mas desde que sejam mudanças que tenham por objetivo recuperar a integralidade da intenção de Deus para Sua igreja. Quaisquer outras mudanças implicarão em sérios prejuízos.

Quando ouvimos falar da Teoria da Evolução, de Charles Darwin, ficamos profundamente tristes e não temos dúvidas em afirmar que ela se constitui num delírio forjado na mente de um homem sem Deus. É uma invenção sem cabimento esta estória de evolução das espécies. Mas, infelizmente, temos assistido a uma outra evolução, ou seja, a “evolução” do Cristianismo, que muitos têm aplaudido de pé.

O trágico nisso tudo é que Darwin escreveu uma teoria sobre a evolução. Portanto, cada um é livre para acreditar se quiser, pois é simplesmente uma teoria, onde ele propõe idéias baseadas em hipóteses. Contudo, o Cristianismo, que não é uma teoria, vem evoluindo inexplicavelmente.

Ao olharmos o Cristianismo pregado no NT e vivido pela Igreja Primitiva e compará-lo, historicamente, com a fé cristã até os nossos dias veremos diferenças radicais, ressalvadas as exceções históricas produzidas por avivamentos genuínos, que trouxeram de volta a disposição para o martírio, a comunhão de bens, a despreocupação denominacional, a exaltação de Jesus, o discipulado, milagres em série, enfim a atuação inconteste do Espírito Santo – uma espécie de continuação dos Atos dos Apóstolos.

A Palavra de Deus está completa, Ap 22: 18-19, e por isso não dá para entender por que muitos usam a Bíblia como se fosse um livro de receitas culinárias. Na medida em que são experimentados os vários tipos de comida, vão mudando para outras receitas e até inventando outras com base nas que já existem. O interessante é que saboreiam demais uma receita e desprezam outras necessariamente vitais, produzindo assim um Cristianismo diferente em cada época e descompromissado com a intenção original de Deus.

Conclusão

A Igreja foi vocacionada para voar nas alturas, pois o apóstolo Paulo afirma categoricamente que o Deus Pai “nos tem abençoado com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”, Ef 1: 3. Desta forma, a missão da igreja deve ser a de buscar as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus, Cl 3: 1b. A Igreja do Senhor não pode se aventurar a viver rasantemente.

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Fonte: Jornal Aleluia de março de 2001