Palavra do Presidente da IPRB

E voltou Arão a Moisés à porta da tenda da congregação; e cessou a praga”, (Números 16:50).

O mundo inteiro está vivendo um momento difícil com a pandemia do novo coronavírus, que tem matado milhares pessoas em muitos países. No Brasil, nos últimos dias, a população vive em quarentena, a fim de amenizar as consequências desse vírus. Segundo as autoridades brasileiras de saúde, centenas de pessoas já morreram. Devido às medidas de precaução e cuidado contra o vírus, que incluem isolamento social e fechamento do comércio em toda a nação, surgiu também o fantasma da crise econômica. O que fazermos? Até quando vai durar tudo isso?

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A narrativa de Números 16.1-50 trata de um momento delicado na vida de Israel. O povo havia deixado o Egito e estava no deserto prestes a tomar posse da Terra Prometida. Eles estavam precisamente em Cades-Barneia, onde ficaram por muitos anos. Desse lugar, Moisés enviou os 10 espias para sondarem a terra que haveriam de conquistar. Além disso, um fato marcou a vida dos israelitas ali.

Houve uma conspiração política contra Moisés, movida por três homens: Corá, Datã e Abirão, e outros duzentos e cinquenta. O objetivo era destituir Moisés de sua posição, porque não aceitavam mais o seu governo: “E se congregaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?” (v. 3).

Em outras palavras, eles disseram que Moisés e Arão estavam cometendo abuso de poder e manipulando o povo. Quando Moisés ouviu essas afrontas, prostrou-se com o rosto em terra (v.4) e desafiou todos os rebeldes a uma prova com Deus: “E falou a Corá e a todo o seu grupo, dizendo: Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é dele e quem é o santo que ele fará chegar a si; aquele a quem escolher fará chegar a si” (v. 5).

Deus interveio, permitindo que uma praga matasse 250 pessoas, porque estavam contra o próprio Deus: “E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também todos os homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens […] Procedente do Senhor saiu fogo e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso (vv. 31-33 e 35).

No dia seguinte, “toda a comunidade dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão, dizendo: ‘Vós matastes o povo do Senhor’” (v. 41). Novamente a ira de Deus se acendeu contra o povo que se levantou contra Moisés e Arão, morrendo naquele dia milhares e milhares de pessoas: “Foram catorze mil e setecentos os que morreram daquela praga, além dos que haviam morrido por causa de Corá” (v. 49).

O número de pessoas mortas poderia ter sido maior ainda: “Então, falou o Senhor a Moisés, dizendo: ‘Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei num momento’” (vv. 44, 45). Mas Moisés e Arão foram os responsáveis para que a praga da morte parasse: “[…] e a praga cessou” (v. 50). O que eles fizeram? Podemos fazer o mesmo diante do desafio do coranavírus e da crise? O Deus que se manifestou naquele dia ainda é o mesmo hoje? A praga em Israel cessou! Por quê?

PORQUE HOUVE HUMILHAÇÃO

Como o povo era duro de coração! Mas hoje não é diferente. O povo estava certo de que Moisés e Arão eram autoridades constituídas pelo Senhor. Mesmo assim alguns estavam atribuindo a eles a culpa pelas mortes de Corá e dos 250 homens. Porém, diante do juízo de Deus contra o povo, esses líderes se prostraram diante do Senhor: “Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei num momento. Então, se prostraram sobre o seu rosto” (v. 45).

Prostração ou humilhação é uma arma poderosa que move o coração de Deus. A Bíblia está permeada de exemplos dessa natureza. Um dos versos mais citados quando oramos pelas nações talvez seja 2Crônicas 7:14: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”. Percebe-se que o Senhor disse a Salomão que, antes de qualquer atitude, seria preciso se humilhar diante Dele.

Não temos outro caminho a seguir. Não somos melhores nem piores do que o povo de Israel daquela época. Somos gente pecadora como eles. E, como igreja do Senhor, precisamos nos humilhar e nos quebrantar diante de Deus: “Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido” (1Pedro 5:6). Os que se humilham estão na lista daqueles que herdarão a promessa: “Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança” (Mateus 5:5).

PORQUE HOUVE EXPIAÇÃO

Expiação pelos pecados era um dos sacrifícios instituídos por Deus no AT (Levítico 3). Um animal sem defeito era escolhido e, conforme o cerimonial descrito em Levítico, sacrificado no lugar da pessoa pecadora. Havia vários tipos de sacrifícios. Nesse caso, segundo estudiosos, como não havia tempo para escolher um animal e sacrificá-lo para perdão dos pecados do povo, pois a praga já havia começado, a expiação pelo pecado foi feita por meio de incenso.

Preste atenção às palavras de Moisés a Arão: “Toma o teu incensário, põe nele fogo do altar, deita incenso sobre ele, vai depressa à congregação e faze expiação por eles; porque grande indignação saiu de diante do Senhor; já começou a praga” (v. 46). O momento era sério e a expiação de pecados era fundamental. Por isso, como líder maior do povo, Moisés não se acomodou e pediu para Arão, o sacerdote, fazer rapidamente propiação pelo povo: “[…] deitou incenso nele e fez expiação pelo povo (v. 47).

Os sacrifícios no AT apontam para o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Assim como o fogo do altar consumia os sacrifícos (animais) para perdão dos pecados do povo, tornando o incesnso em fumaça, o sacrifício de Jesus garante ao pecador total acesso ao trono da graça. Hoje não precisamos mais sacrificar animias, pois Jesus é o nosso sacrifíco (Gl 1:4). O incenso pode tipificar a oração de fé do justo (Sl 141:2).

PORQUE HOUVE INTERCESSÃO

O povo ficou desesperado: “Todo o Israel que estava ao redor deles fugiu do seu grito, porque diziam: Não suceda que a terra nos trague a nós também” (v. 34). Não seria para menos a situação do povo hoje, uma vez que os governos estão preocupados com as consequências do coranavírus. Porém, devemos  aprender com Moisés e Arão, que tomaram uma posição firme diante da praga. Moisés instruiu Arão, e este, após oferecer sacrifício: “Pôs-se em pé entre os mortos e os vivos” (v. 48).

A atitude de se colocar em pé entre os mortos e os vivos fez cessar as mortes: “[…] e cessou a praga” (v. 48). Essa atitude fala de intercessão, de ação e prontidão na hora da crise. As pessoas estavam morrendo! Moisés e Arão já haviam se prostrado diante de Deus (humilhação), tinham realizado sacrifícios para a expiação de pecados e ainda foram como um “divisor de águas” para que o rumo dos acontecimentos daquele dia mudasse.

Humilhação, confissão de pecados e intercessão pelo Brasil e o mundo são as estratégias que a igreja sempre teve. Como líderes, especificamente, precisamos ser corajosos, destemidos e esperançosos. A hora não é de murmuração, reclamação, medo, acomodação, divisão, nem de piadas e coisas semelhantes. O momento é de união, fé e contrição diante de Deus. Falar a mesma língua é importante nesta hora, para que Deus ouça o seu povo. Vamos crer, em Jesus, que a praga cessou!

Pr. Advanir Alves Ferreira
Presidente da IPRB