A IGREJA FRENTE AOS DESAFIOS DO MUNDO PÓS-PANDEMIA
Por ocasião do Dia da IPRB, comemorado no terceiro domingo de julho, queremos abençoar todas as nossas igrejas e os nossos pastores, no sentido de desejar que Deus encoraje e capacite a cada um, principalmente nos dias em que estamos vivendo, frente aos desafios da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Por isso, desejamos que o Senhor dispense de sua graça sobre todas as IPRs, trazendo-lhes uma unção poderosa e permanente. Que a igreja invisível, que é o Corpo de Cristo, esteja pronta para subir com o Senhor no Grande Dia.
Falar que o mundo está enfrentando uma pandemia não é novidade para ninguém, pois até mesmo as crianças são sabedoras deste fato. No final do ano passado, um novo coronavírus surgiu na China e disseminou-se pelo mundo afora. Quase todas as nações foram afetadas. Alguns países, como o Brasil, têm sentido os efeitos desse contágio de uma maneira muito mais preocupante, em razão do alto número de infectados e de pessoas que morreram. As autoridades da saúde ainda estão em busca de soluções.
No entanto, nada é mais importante para os cristãos do que crer e praticar os ensinos da Palavra de Deus. Seja qual for a situação, não podemos perder Jesus de vista (Hb 12:2). Por isso, é muito oportuno refletirmos sobre os fortes impactos e desafios que os israelitas enfrentaram no deserto. Ali viveram 40 anos, depois das dez pragas enviadas por Deus sobre os egípcios, em virtude da dureza de coração de Faraó, que escravizava sem piedade esse povo (Êxodo 1-12 e 16-20). Assim, vejamos quais foram esses desafios.
ADAPTAÇÃO AO NOVO APRENDIZADO DE VIDA
Israel viveu no Egito, precisamente na cidade de Gósen, por 430 anos, sendo parte desse período como escravo (Êx 12:40). Habituados àquela terra, mal sabiam eles que, após as 10 pragas e a libertação da escravidão, haveriam de morar no deserto por 40 anos e viver novas experiências, a começar pela escola de aprendizado (Êx 1:11 e 16:35). Só para termos uma ideia, se fosse hoje, eles não teriam, no deserto, o conforto do fogão a gás, da geladeira, do chuveiro quente etc.
A vida no deserto foi totalmente diferente. Adaptar-se a uma nova modalidade de vida é sempre um desafio, seja no trabalho, na escola ou na família. Isso aconteceu com o povo hebreu depois que saiu do Egito e passou a viver na escola do deserto, que era bem diferente daquela de Gósen. O mundo de hoje, no seu contexto geral, pode ser comparado ao mundo de Israel no deserto. Acreditamos que, após o término dessa pandemia, precisaremos nos adaptar à nova realidade social e econômica e aprender a superar os problemas.
ADAPTAÇÃO À VIDA PROFISSIONAL E ALIMENTAR
Não há como sabermos, com detalhes, como era a vida profissional do povo hebreu no deserto. Sabemos, contudo, que não havia necessidade de industrializar nada, pois as vestes e os calçados não se desgastaram durante os 40 anos (Dt 29:5). Foi necessário, no entanto, fazer ajustes seriíssimos na vida alimentar e sanitária. O Egito, nesse tempo, era o centro da ciência, da cultura e da agricultura. O povo hebreu tinha do bom e do melhor nessa terra: “Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos” (Nm 11:5). Além disso, desfrutavam diariamente das panelas de carne do Egito (Êx 16:3).
A vida desse povo no deserto sofreu muitos ajustes. Não pagavam nada pela água cristalina, pela importação de carne e pela fabricação de roupas e calçados. Por outro lado, não podiam estocar nada de um dia para o outro (Êx 16:4,5), nem usar diversas roupas e calçados. Em contrapartida, Deus era com eles e nada lhes faltava para o sustento diário, desde que obedecessem às ordenanças divinas. Precisamos estar cientes de que, depois desta crise pandêmica, teremos de nos ajustar e, com criatividade, buscar a solução para os problemas profissionais e alimentares que poderão surgir no nosso dia a dia.
ADAPTAÇÃO ÀS PROPOSTAS PESSOAIS E RELIGIOSAS
O povo hebreu adquiriu muitas experiências no deserto. Foi nesse lugar que os israelitas se tornaram nação e receberam de Deus as leis de conduta em geral, vistas sob três aspectos: moral, civil e cerimonial. A lei civil tratava de situações práticas do cotidiano. A cerimonial referia-se aos rituais que caracterizavam os detalhes de culto a com Deus. E a lei moral, por sua vez, eram os dez mandamentos (Êx 20), sendo que quatro deles se referiam ao relacionamento do homem para com Deus e os demais, à conduta e relacionamento do homem com o próprio homem.
No geral, eram normativas que requeriam um novo posicionamento e adaptação religiosa do povo, bem como um cuidado adequado para com a saúde e a moral. Proteger a família e zelar pela conduta do israelita sempre esteve nos planos de Deus (Dt 6). No nosso caso, cremos que, quando a crise pandêmica passar, teremos de nos adaptar a profundas questões pessoais de hábitos e de lazer, bem como nos preocupar muito mais com a saúde e, sobretudo, com a vida espiritual. Sujeitar-se à nova modalidade de vida de maneira geral será o grande desafio deste século.
Finalizando, vale considerar que, segundo os especialistas, a mudança de comportamento imposta pela pandemia do novo coronavírus é patente. As relações de consumo mudaram e a população passou a ser mais solidária e consciente das questões sociais. Segundo a psicóloga clínica e familiar Daniela Bittar, “há uma espécie de luto coletivo pela perda de uma realidade que nunca mais será a mesma. Luto pela ‘normalidade’ que se conhecia, pelo funcionamento das coisas como eram, pelos planejamentos, pela sensação de segurança, pela liberdade, pelo financeiro”.
Para a doutora em economia aplicada e professora no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) Kellen Rocha de Souza, “é preciso sair da pandemia tendo mais que aprendido lições, as incorporado como hábitos permanentes de vida”. Jamais seremos capazes de prever o comportamento de cada pessoa no período pós-pandemia. Porém, como Igreja, precisamos estar atentos aos acontecimentos mundiais, tendo sempre o olhar voltado para o cumprimento da Palavra de Deus e a volta de Jesus: “Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai a vossa cabeça, porque a vossa redenção se aproxima” (Lc 21:28).
Pr. Advanir Alves Ferreira
Presidente da IPRB